Dia danado este, ou será, esse?
Começa daí, tudo é dúvida. Eu tô aqui assossegado no meu canto e, por mal dos
meus pecados, leio a porcaria do meu horóscopo. Perdoe-me leitor, eternamente
ou pelo menos enquanto houver este blog, por convidá-lo a ler estas tolices.
Como se não bastasse li quatro
previsões astrológicas para eu ter várias opiniões de como por os pés na vida
no dia de hoje. Descarto duas delas e mergulho raso nas duas restantes. Eu
tenho sérias dificuldades em lidar com muita informação. Meu cérebro tem um
espaço de manobra muito curto e lento.
Os astros conclamam que eu seja
diferente, que eu seja ousado e que eu tenha sabedoria. Três demandas que me
colocam em estado de frustração antes de qualquer proposta que eu possa me fazer
seriamente. Ademais se eu for diferente eu acabarei ficando muito parecido com
a maioria, e isto me assusta muito.
“Inove, renove, ouse, tente fazer diferente. Mas faça com sabedoria.
Evite ações impulsivas e individualistas. Perceba o que lhe trará progresso,
pisciano. Coloque suas ideias e sonhos em prática. Ouse fazer o que nunca fez”.
Fazer o quê que nunca fiz e que
ainda me traga progresso. Pois é, o dilema está no demoníaco quê. Horóscopo
deveria servir apenas para anjos, magos, deuses e adivinhos de plantão, não a
um simples mortal ávido por adormecimentos.
Ademais sem impulsividade e sem ser
individualista eu serei quem? Outro, não, não me convém. Se for assim prefiro
ficar no ponto onde estou.
A outra previsão horoscópica
adverte:
“O desejo sempre chega antes da oportunidade, essa é uma regra geral a se
ter muito em conta para nunca enfiar os pés pelas mãos. A urgência do desejo
poderá, assim, ser administrada com mais sabedoria e eficiência”.
Entenderam, não?
Como não enfiar os pés pelas mãos
se eu sou impulsivista inveterado, lilás como fazer com sabedoria e eficiência
administrada o desejo? Bicho, o desejo, tô falando DESEJO, é trem de outro mundo que péla nos nervo da ponta dos
cabelos rarefeitos até às unhas encravadas dos pés.
Entenderam, não?
Acho melhor eu resumir para ficar
mais confuso. Primeiro você cria uma oportunidade, depois com paz e ciência
você deseja aquela oportunidade que você acabou de criar (por favor, não crie
muitas para não embrulhar o meio de campo e você se perder em desejosmil sem nem
umas oportunidades). Aí e de leve (entrando pé ante-pé na piscina de sua vida,
sem impulsividade) você mergulha e faz, de um todo, o diferente.
Tá bom, você agora se pergunta: “Eu mando esse cara à ou prá?”
Eu avisei, dia danado esse. Ou será
este?
Até breve.
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