Jamais vou esquecer uma do Juca Chaves. Ele teria sido abordado por uma pessoa na rua:
- Juca Chaves?!!!
- Sim... Eu mesmo.
- Comprei seu livro...
- Ah, foste tu?!!
João Pereira Coutinho, em sua coluna de hoje na Folha escreveu: "O negócio dos e-books brochou em 2013 e é provável que não recupere mais. A Barnes & Noble não está contente com o seu Nook e há rumores de que tenciona desistir do negócio. A Sony não tem dúvidas: desistiu mesmo. E até o Kindle já conheceu melhores dias. Como explicar o naufrágio?
Sociólogos diversos falam na saturação do mundo digital: a novidade de ontem virou rotina hoje e está morta amanhã. Outros, mais românticos, lembram que o livro tradicional não tem concorrência no ´plano dos afetos´ (grotesca expressão): quando o objeto é em papel, podemos tocá-lo, cheirá-lo. Eventualmente comê-lo
É possível que tudo isso tenha dado seu contributo. Mas a razão mais funda para o desinteresse nos e-books está na vaidade humana: os livros, para a maioria, são objetos decorativos de afirmação pessoal e social".
A sensação de ser comido em Posts a Prova (livro que pretendo editar com a coletânea de 100 posts), no plano gastronômico/intelectualóide me dá nos nervos. Fico pensando em alguém de posse do meu único, até aqui, editado livro fazendo caras e bocas para o objeto do seu desejo.
Foi bom ter lido a crônica do Coutinho. Vou pedir à editora que coloque um perfume sabórico nas folhas de papel do meu livro. Se bem que fico sempre pensando que o diálogo de Juca tendo eu como protagonista poderia:
- Fui eu sim que comprei o seu livro...
- E, então?
- Tive náuseas.
Melhor seguir normalzinho. Vai ser de páginas. Meu livro não servirá à bacantes.
Ninguém vai à Oslo cheirando à framboesas.
Até breve.
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