Retirei do cabeçalho do blog RUMO À
OSLO construído pela verve chapliniana. Não se brinca com um sonho, mesmo que
seja zinho. Não se trata-lhe sério, mesmo que Nobel.
Ontem entrou mais uma peça no meu
cabeça quebrada. Teatro de representação da qual me permito a minha.
O texto do premiado dramaturgo
líbano-canadense Wajdi Mouawad, traduzido por Ângela Leite Lopes, conta a saga
da árabe Nawal: exilada no Ocidente em decorrência de décadas de guerra civil. Ao
morrer ela deixa para os filhos a missão de encontrar o pai e o outro irmão no
Oriente.
INCÊNDIOS.
Marieta Severo, extraordinária,
declarou em entrevista: “Incêndios tem
uma carga de poesia e de drama, revela maneiras de permanecer humano num
contexto desumano...”.
Minha interpretação desloca-se da
trama, busca outra perspectiva embora aquela explicitada pelo texto já seja
suficientemente cruel. A questão para a qual me remeto quer apontar a tragédia
humana, da natureza humana.
À Espécie Humana foi natural e intrínseca,
indissociável e eterna dada a concepção umbilicalmente gêmea, a alma do mal e a
alma do bem. A natureza humana pariu gêmeos, por um estrupo eterno. Terrível
Criador.
Não há ato desumano, como quer
Marieta, é do humano a crueldade, parida na origem. Não é correta a idéia de
tudo o que deriva do mal seja des humano. O humano é gêmeo.
O Pai do Humano perdido em sua
infinita eternidade, em sua universal e cósmica solidão, desespero impregnado na
consciência de seus “filhos” frutos gemenianamente concebidos pelo trágico
desígno.
“Agora estamos juntos, melhor”. A
faca na garganta da infância.
Viver sem a utopia em acreditar
possível a erradicação do mal, nos torna mais cruéis. Ou não? Gêmeos eternos,
indissociáveis, determinantes porque só há paz porque se conhece e se faz a
guerra, só se experimenta o amor porque é ele o outro gozo do ódio, só se faz o
bem para se encontrar “melhor” em relação ao mal.
Ontem li em um jornal, enquanto
aguardava no aeroporto de Vitória o embarque para o retorno à Belo Horizonte, matéria que dava conta de um assassinato ocorrido na noite da última sexta-feira.
Dois miseráveis moradores de rua da cidade entraram em luta corporal porque um
deles não queria que o outro espancasse um cão.
- “Mas o cachorro era meu, eu podia fazer dele o que eu quisesse!”
Afirmou o assassino na delegacia.
- “Meti a faca nele porque um homem não encosta noutro homem... Eu sô
homem!”.
Who I am?
INCÊNDIO.
Até breve.
A tarefa continua . " companheiro é companheiro fdp é fdp "
ResponderExcluirOntem após a peça " Incendios " eu me pasmei , sobre a realidade de o quanto somos fáceis de sermos hostilizados , e quanto é difícil remover nossas amarguras .
Dormi com um certo gosto ruim na boca .