quinta-feira, 13 de março de 2014

MOLAR



É que ontem fui para o aeroporto dirigindo minha camionete e, como sempre, dando tratos às bolas. De cima, naturalmente. Coisa vai e coisa vem, como todo troglodita que se preza, quando está no trânsito pensa no filhodeumaégua que está à frente barrando a passagem.

E não só isto, com os progenitores das égua, as leis e os costumes a serem justificados pelos nóscegos das vias impúblicas. Muito bem, corta daqui, corta dalí, ao som que competia com o aquele vindo do rádio de palavrões berrantes que drenam e que atrapalham até o funcionamento do ar condicionado do carro, caí na via expressa, onda verde.

“Puta que o pariu!” foi o que tapou de vez os ares. Via expressa para a Cidade Administrativa, Vetor Norte, alvo de despolarização e crescimento da grande urbe BH, puta congestionamento. E por quê? Filhosdeumaégua em série e proliferados como ratos em navios de piratas.

Caminhões, ou melhor, cominhões que não passariam nem pela porta de entrada de uma Inspeção Veicular minimamente séria. Lilás, existe Inspeção Veicular nas Minas Degeneraveis?

Aí pensei em brasilidade, ou seja, ser deste lugar. Quando eu usar neste post tudo na primeira pessoa do plural, considerem pura auto-hipocrisia e também alta hipocrisia. "Nós, picas, tô fora porque me distingo. Eu sou apenas o máximo, não tenho culpa, mamãe me quis assim.” Uma de nossas máximas de conduta.

Pois bem, vamo liquidar logo o post porque tão me chamando para voltar prá reunião.

Aí os caras, a nossa sociedade brasileira civil constituída, congressa a lei que vai nos proteger da nossa inconsequência prá sempre destínica. E põe nas vias impúblicas, quebra-molas, barreira eletrônicas e viaturas eletronicamente dotadas de blocos multantes.

E o que nós, os canalhas cidadãos, construímos para lidar com a coisa? Drible que não vai rolar na Copa. Do tipo: o que está congressado é que tal via impública é para a velocidade de até 60, 80, 100 ou 110 km/hora.

Rodamos a quinhentos e vinte cinco km/hora ao longo de toda a via e bem próximo do porradoquebramola, reduzimos com uma cara limpa, olhamos para os lados e saímos soberamos: “Bosta!” E voltamos a quinhentos e quarenta e cinco, porque “porra, perdi ali alguns minutos”.

Ah, e tem mais: depois de corrupção endêmica em todo o processo que vai da licitação à instalação, a emissão e legitimação de multas, dos “pardais” que nos olham como bigbrothers, um imenso montante agiganta o Custo Brasil. São milhões de dólares jogados no acostamento do desenvolvimento, perdidos pela nossa imensa incompetência civil e prúbrica. Assim mesmo, prúbrica, porque não somos Cidadãos Públicos.

Dizem que reduziu o número de acidentes. Eu até acredito.

Há ainda a seca lei. Que deveria punir quando dirigimos bêbados. Lembro do Código do Conar que determina para a publicidade de bebidas que em todas as peças se inclua: “ Se beber, não dirija.”

Não tem no país inteiro um cidadão que tenha assassinado pela ingestão de álcool que esteja preso ou que responda processo sério que o leve as barras das grades.

Aqui eu seria prussiano. Bebeu, foi flagrado em blitz policial, o agente deveria levar o infrator à clínica, posto médico, hospital mais próximo ou mesmo ter na equipe de averiguação um médico credenciado a avaliar o estado etílico do filhodeumaégua.

Constatou-se a embriaguez? O cidadão (de qualquer estatura social e bancária) deveria ser levado incontinente a uma prisão, onde ficaria por dez anos preso, sem direito a habeas corpus, sursis, sorsois, indultos, embargos infringentes, dólares, o cacete que a gente mais do que conhece e que nos livra de qualquer coisa, mesmo antes de passar o pileque.

Aí eu quereria ver se nós não andaríamos pianinho.

Desculpe, tenho um quebra-molas aqui. Tão me chamando prá reunião. Tema: Ética.




Até breve, mas sem pressa.

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