Fiquei dividido hoje.
Escrever algo em alusão ao dia
internacional da mulher ou deixar apenas uma foto, um vídeo, qualquer palavra a
respeito de algo de nossa intimidade que foi o primeiro encontro de Noninha,
hoje com um ano, sete meses e sete dias com seu irmão Valentin que completará
as vinte e três horas e três minutos o seu primeiro dia de vida.
Não curto datas marcadas: alusivas,
comemorativas, religiosas, comerciais, nem mesmo a data do meu próprio aniversário
faço distinção. Passo por elas sem muito entusiasmo ou deferência. De qualquer
forma, deixando de lado a esquizóica ou petulante forma de encarar a realidade
e suas convenções sociais, hoje confesso que me sensibilizei.
Tá bom, toda mulher dirá que todo
dia é o seu dia, com o que também concordo. Ocorre que hoje, especialmente
hoje, meu coração macho dobrou-se. Deveríamos cultuar sim um momento especial
para as mulheres.
Por uma única e insofismável razão:
parir.
Aquela que, por opção ou infortúnio
não tenha ou não terá vivido a experiência ímpar, não deixa de merecer a mesma
consideração. Ocorre, porém que, em minha opinião, parir é que torna mulher
Mulher.
A vaca pare. A égua. A cadela. A
baleia. A, pare.
Ocorre que a Mulher pare Tempo, já
que é de seus frutos que se constitui a História. Todo aquele(a) que a Mulher
pare, pode ser alguém que fará diferença no mundo. Cada nascimento marca uma
esperança.
Fábio, porteiro de nosso prédio, ao
nos ver hoje cedo quando nos dirigíamos para a maternidade, disse eufórico:
- “Que maravilha, mais uma esperança para mudar nosso país!”.
Não tenho registro de mulheres que
fomentaram movimentos disruptivos, bélicos ou que se transformaram em tragédias
humanas. Desconheço episódios traumáticos da História liderados por mulheres.
Desconheço um episódio sequer que tenha sido a Mulher a responsável pelo
desumano ato de guerra.
A Mulher pare a esperança, Ela é em
si a espera ativa de que pela via da imensa dor do parto algo dela valha
verdadeiramente a pena.
Parir.
Fiquei olhando Pretinha hoje,
solenemente. Ela quis que eu assistisse ao vídeo do parto de Valentin. A minha
Vida esteve sempre marcada por infinitas recompensas, minha maior foi por ser
pai de uma Mulher.
Quando Noninha foi levada a
Valentin hoje, frutos de minha filha, minha essência tornou-se legado objetivo
e transcendente. E foi de minha netinha, essa Noninha, o ato de afeto.
Minha esperança é que eles se amem,
intensa e definitivamente, e inunde a sua rede de influência de um fraterno
gosto pela Vida.
Até breve.
Nenhum comentário:
Postar um comentário