Lembrei-me do episódio ocorrido em
15 de abril de 2013, quando duas bombas foram explodidas durante a Maratona de
Boston e em que morreram três pessoas e feriram mais de 170. Os responsáveis
foram dois irmãos nascidos na Chechênia, jovens de 26 e 19 anos, um deles morto
por policiais e o outro capturado.
Enquanto eram mostradas as fotos
dos suspeitos logo após o atentado as autoridades tinham dificuldade de
distingui-los de milhões de outros jovens que foram para os USA para forjar um
futuro. Elas se perguntavam como eles podiam ter se tornado terrorista e
colocado bombas poderosas entre uma multidão inocente.
Mais tarde, descobertos e
identificados, as autoridades concluíram tratar-se de muçulmanos que viveram
toda a infância e juventude sob o horror dos conflitos bélicos na Chechênia.
Agora, no Brasil, estes dois
meninos de 22 ou 23 anos, quase julgados como terroristas.
Terrível paralelo. Em ambos os
casos são jovens que não viveram tempos felizes. Lá, como aqui, o terror é onde
se nasce.
Dizer que isto não os isenta de
responsabilidade não basta, porque é óbvio. O que não se pode perder de vista,
contudo, são as circunstâncias que, em permanecendo, criarão outros e cada vez
mais grave.
A Sociedade não pode mais querer
punir o criminoso e não tratar das circunstâncias que podem estar fomentando
crimes.
O terror é a miséria, o descaso, a
desesperança, o abandono, a ignorância, a falta de perspectiva.
O terror é oitenta e cinco pessoas
deterem 50% da riqueza mundial.
O terror é a ausência de futuro.
O terror é a fala da esposa do
cinegrafista: “Estes meninos não têm amor
ao próximo”.
Nosso conformismo tem nos levado
aos culpados para não nos fazer tratar das culpas, pois é muito mais fácil. Com
a prisão de criminosos repara-se o crime, embora permaneçam as circunstâncias.
A vigilância da mídia, o espaço
urbano big brother, facilita a
existência da Cidade Alerta. Onde
houver um crime, serão flagrados os criminosos, identificados, presos e
lançados ao hediondo mundo do nosso equívoco.
O terror é a nossa isenção e por
força dela vamos chegar à pena de morte. Da nossa morte porque ninguém estará
salvo de um rojão que lhe retire a consciência de sua responsabilidade.
A morte social é o terror.
Até breve.
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