Uma das
minhas qualidades que mais gosto é a carência afetiva. O fato de não ter nome próprio, ser Junior, oitavo filho, deixou em
mim marcas indeléveis.
Sempre
era tratado no diminutivo terminado em zinho, o olhar que recebia vinha com
retinas fatigadas manchadas com imagens dos outros sete irmãos, as mãos que me
acariciavam estavam já saturadas de tantos afagos nos rebentos anteriores.
Desenvolvi
também outro estratagema: a solidão. Sempre me bastei, recolhendo-me para dar
conta de minhas descobertas. Isto forjou em mim outra qualidade admirável, a
soberba.
Nunca
precisei de ninguém e sempre acho que quem está melhor preparado para o que der
e vier sou eu, este aqui. Tenho profundo desinteresse em qualquer conversa, os
outros me cansam quando falam, falam, falam.
Material
para prosseguir não foi outro senão a inteligência a serviço da autonomia e a
blindagem. Ninguém me atinge. Olho a cada um como se eu tivesse a estatura de
um ex-jogador chinês de vôlei, ou será de basquete?
Estou
sempre pronto para não atender a nenhum chamado de ajuda. Qualquer demanda que
me tire do meu cotidiano me irrita profundamente e, com isto, remete para outra
qualidade ímpar em mim.
O mau
humor. Hoje até tenho perdido um pouco, porque passei a tomar um comprimidinho
para atenuar meus rompantes. Teve época de eu passar a ideia de que era um
teatro, tal a minha performance. Despirocava geral.
A
preguiça também tenho, especialmente agora, desenvolvido bem. Quando me
convidam para um aniversário ou qualquer outro encontro social num sábado em Belo Horizonte, estando eu em Santa Luzia,
minha musculatura sofre torções maiores do que aquelas sentidas nas aulas de
pilates.
A falsidade,
esta é minha qualidade mais aguçada. Ninguém sabe exatamente sobre os
sentimentos que nutro. Para alguns passo a sensação de que os admiro, mas tanto que nem guardo os nomes, para outros dou
especial atenção e digo inclusive: Oi.
Não
posso deixar de citar outra qualidade em mim ímpar: a inveja. Fico sem dormir
meses, quando tenho notícias do número de acessos em outros blogs. Me pelo de
dar dó.
Defeitos
não os tenho, pelo menos no quilate das qualidades. Se os tivesse tantos não os
colocaria em post. Detesto que me copiem. É por isto que vou continuar
escrevendo em blog.
Quem
quiser que me siga, ou não.
Até breve.
Sincero. Duro. Real. Haja coragem para se olhar no espelho .
ResponderExcluirReal? Sincero e duro foi o seu comentário. Muito obrigado.
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