Gostei de Amores Roubados, mini-série
da Globo. Aliás gosto sempre do que fazemos com talento que não fica devendo a
nenhuma produtora de entretenimento em qualquer parte do mundo.
Lamento apenas porque não se produz
mais, quem sabe substituindo gradativamente as novelas, investimento tão caro e
de contribuição duvidosa ao desenvolvimento da cultura do país.
Amores Roubados é de alto apuro
cinematográfico com atuações deslumbrantes de todos os atores, especial atenção
para os protagonistas Murilo Benício (que dramatiza o mal justificado pelos
motivos do amor), Patrícia Pilar (magnífica) e Isis Valverde (deslumbrante).
Enredo, direção, locações
espetaculares, tudo na mini-série deixa um gosto de quero mais, pelo menos em
mim. O mocinho morrer no meio da trama, deixar um ponto de dúvida e confirmar
no final, bacana.
A alternância dos amores, ao
dinheiro, ao poder, ao patrão, aos sonhos todos de alguma forma desviados pelos
desígnios da vida, me deixaram bastante interessado em acompanhar o programa.
A indústria cultural, limpa, sustentável
e, sobretudo transformadora poderia ser a peça estratégica para uma grande
reviravolta no desenvolvimento do país. A geração de empregos de diferentes
formações, especializações, a aplicação de variados e inúmeros materiais, enfim
a dinâmica econômica da indústria nos faria um dos maiores exportadores de
produtos de entretenimento.
Poucos países têm originalmente
tantas riquezas, um único idioma, locações naturais de perder o fôlego, extrema
capacidade de autores, diretores, atores, técnicos e, sobretudo, algo só nosso,
a alegria.
Gostaria muito que Hollywood fosse
aqui, a Cinecitta, o Canal +, que tivéssemos estúdios, empresas como El Desejo de Almodóvar,
gostaria muito que pudéssemos realizar no Brasil um Oscar, um Quiquito, um Ipê,
prêmio com seus tapetes azul, verde e amarelo.
Gostaria muito que Cannes fosse
aqui.
Gostaria muito que tivéssemos
cinemas em cada bairro das nossas grandes cidades, com matinês aos domingos,
depois da missa da manhã, as duas, quatro e seis da tarde. Sessões com censura
para quatorze, dezesseis e dezoito anos às vinte e outra às vinte e duas horas.
Todos lotados.
Nas telas nossos quereres, nossos
trejeitos, nossos dramas, nossas músicas, nossas naturezas, nosso idioma, nossa
mais profunda e extraordinária cultura popular.
Gostaria muito que voltasse o
cine-grátis, vejo a Praça Duque de Caxias com telão, carrinhos de pipoca,
quermesses, gincanas, barraquinhas, pedido de música para a dama de cabelos
encaracolados de vestido com bolinhas azuis. Quem pede é o rapaz de casaco e calças
jeans, com o cabelo dando nos ombros, de chinelos de dedo com solado de pneu.
Gostaria, mas nossos amores foram
roubados.
Até breve.
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