quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

TRANSA



Minas Gerais registrou estatística de média de três crimes de morte (assassinatos) por dia no ano de 2013 motivados pela paixão.

Namorados, amantes, maridos, esposas, ex, entornaram suas emoções em balas, lâminas, venenos ou outros mecanismos para cessar a angústia por não verem seus desejos realizados.

Não é verdade, portanto, que quem ama não mata, até porque o ódio é o amor com o sinal trocado.

A questão que me traz à post não é o crime, mas a paixão nos tempos de agora. O que mudou em relação aos motivos que levaram a pantera mineira por Doca Street, e a cantores, jornalistas, pedreiros, atletas, juízes, prostitutas e prostitutos tirarem a vida de seus então queridos?

As mulheres mudaram e os homens também e, por força deles, as instituições, os costumes, as leis.

Amar deixou de ser um verbo transitivo. No passado os amantes não possuíam sentido completo, portanto, precisavam de um complemento. Hoje, parece, depende.

Ficar, por exemplo, pode ser com mais de um em uma única noite. Noivar tem sentido exclusivo econômico face à indústria do matrimônio e casar (?), afora a solenidade (evento) não é um contrato que uma passada rapidinha ali no cartório não possa dissolver.

A coisa ficou fácil para completar-se sem a pecha cruel de “até que a morte os separe”. A paixão governa fluída, temporal e efêmera. A fila anda com a maior naturalidade.

Não para alguns, e é aí que o bicho pega. Tem gente que não entendeu ainda que o outro não é objeto direto e nem de propriedade. Embora a situação esteja desnivelada para o lado das mulheres, a delegacia especial tenta minimizar este desequilíbrio, os homens (sexo frágil) é que partem para cima.

Então, o que deverá advir destes novos tempos?

A morte continuará separando casais. E, provavelmente, não por força da longevidade da união, mas porque alguém não suporta a ausência daquele (exatamente e só aquele) que o complementa.

Talvez porque o amor (e ó ódio, por consequência) seja algo único que permanecerá imutável até que nos tornemos autômatos insensíveis.



Até breve.

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