Versão de astrólogo:
"Planetas são entidades vivas compostas por inúmeras espécies
orgânicas e inorgânicas. Mundos são versões dessas realidades, pontos de vista
que, tendo um número de entidades concordado silenciosamente a respeito, se
transformam em realidades inquestionáveis. Porém, no fundo continuam sendo
versões e, como tais, sujeitas a serem alteradas a qualquer momento.
Que momento seria esse? Quando essas versões não forem mais necessárias
e, pelo contrário, ocuparem o lugar das visões imprescindíveis que libertam e
providenciam combustível para continuar progredindo, então se autodestroem sob
seu próprio peso.
Vivenciamos isso na época atual, o mundo desmorona, se mantém como um
morto-vivo porque ainda há gente suficiente que acredita que a realidade é o
que é, e não apenas uma versão".
É mais do que evidente minha corujisse
por Noninha. Que ninguém duvide disso. Então tudo que vir dela será
extraordinário. Minha neta é ímpar. E isso não se trata de versão, isto é fato inconteste e ninguém ficará silenciado para confirmá-lo.
Voltei de viagem e a encontrei com
uma palavra mais do que nítida. É verdade que ela já fala com graça vovó, vovô,
papa e mamã. A palavra que ela incorporou agora ela já tinha em gesto.
- “Não”.
Assisti a bordo do avião em que
retornei para o Brasil ao filme NO,
candidato ao Oscar 2013 na categoria de melhor filme estrangeiro, protagonizado
por Gael Garcia Bernal. René Saavedra (Gael) é um publicitário exilado na época
da ditadura chilena, filho de um dos desaparecidos pelo regime, é convidado para fazer a
campanha em prol do NÃO no plebiscito que escolheria pela permanência ou não de
Pinochet no comando da nação.
Relutante, descasado de uma
militante contra a ditadura instalada há quinze anos, pai de um menino de cinco
anos, René acaba aceitando fazer a campanha. A equipe inicialmente constituída
faz os primeiros programas televisivos de 15 minutos que eram levados ao ar com
uma abordagem dramática de tudo o que significava o regime: fome, assassinatos,
desaparecimentos, censura.
René propõe, apesar da resistência
de alguns integrantes da equipe, que deveriam deixar de lado a crueldade e
produzir uma ideia positiva daquilo que viria a significar o NÃO ao regime. A
palavra ícone para todos os programas foi ALEGRIA.
A Alegria somente seria possível
com o resgate da identidade e da possibilidade de cada um escolher o seu
futuro. A campanha durou vinte e sete dias e o resultado do plebiscito foi de
pouco mais de 56% a favor do NÃO.
Ver Noninha com seu gesto com o
dedinho indicador da mão direita e agora adicionado à fala do NÃO, a mim enche
de alegria. Por mais banal que isto possa parecer na formação da identidade de
minha netinha, ela me dá sinais que saberá sim dizer aquilo que quer e aquilo
que não quer.
Mesmo que possa parecer aos adultos
que aquilo será melhor para ela.
Até breve.
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