Línguas ávidas buscam pescoços,
seios desnudados e dorsos, abdomens, narizes, bocas, línguas, vulva e pênis.
Poros exalam óleo que os untam. Ela
sussurra e ele, felino, urra baixo e pausado.
Dura alguns minutos até que
desfalecem e se descobrem onde. Ela se recompõe nas vestes e ele, junto à ela,
apenas a fita.
Quando deixam a cabine da toalete
masculina do Aeroporto Internacional de Miami, deparam com uma fila de homens
aguardando a vez para o alívio fisiológico.
Ela passa por eles sobre o seu
salto sete e meio como se desfilasse, impregnada. Ele a segue fitando as
pernas, as ancas dançantes dela, como se quisesse guardar a imagem com quem
havia estado.
Fora da toalete masculina ele a
segura pelo braço e pergunta:
- What your name?
Ela lhe lança um olhar profundo,
abri-lhe um sorriso deixando à mostra os seus lindos dentes brancos e perfeitos. Retira
leve e mansamente as mãos dele que a segura no braço. E segue.
Ele a chama. Ela não se vira para
vê-lo parado à porta da toalete.
- Que loucura?- Ele pensa.
Passa a mão sobre a cabeça, se
indaga sobre o horário da conexão. Recompõe-se já à frente do painel de vôos.
********
Quando embarca faz uma breve
reconstituição do encontro. Havia sido há mais de quarenta anos atrás e hoje,
exatamente hoje, de fato, completa trinta e oito anos de selo.
O amor é uma viagem.
Até breve.
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