Perco
conexão. Não sei o que mobiliza corações e mentes. É tudo tão vasto, múltiplo,
direto e rápido que não evolui a ponto de ser degustado e repetido até se
apurar o gosto da coisa.
Acontece, passa
e não significa. Nos fatos, nos relacionamentos, nos objetos de consumo, no
cotidiano.
Diz aí
o que já "dura" há mais de cinco anos.
Ontem
assisti à "Além da estrada" um belo filme do diretor Charly
Braun. Traz a história de uma jovem belga, Juliette, que está no Uruguai à
procura de um antigo amor que ela supõe estar na cidade de Rocha. Encontra-se
com Santiago, que também está no Uruguai, ele é argentino, a procura de um
lugar que pertenceu a seus pais, mortos em um acidente automobilístico.
Santiago
encontra Juliette arrastando uma mala pelo calçadão de uma avenida em
Montevidéu e a propõe carona.
O
caminho serve para abordar os dramas de ambos pelos seus descaminhos vários. Santiago
passa por um lugarejo onde vive um tio que lhe oferece hospedagem e por ali
eles ficam durante uma noite.
Nada
acontece entre eles, ou melhor, tudo menos sexo.
Na manhã seguinte, Juliette
deixa um bilhete de agradecimento por tudo, mas diz que precisa ir ao encontro
do que procura. Santiago recebe na casa do tio a visita de uma ex, dorme com
ela, mas ao acordar sente um profundo vazio.
Em
conversa com o tio, Santiago diz que se sente meio a deriva. O tio diz que anos
atrás havia conhecido uma pessoa e que havia a deixado partir e se arrependia
muito por não ter se envolvido durante um tempo mais prolongado.
Santiago
resolve ir a procura de Juliette e a encontra na casa do ex-namorado que já
estava vivendo alguns anos com outra pessoa.
Há uma
cena em que Santiago e Juliette cruzam uma ponte inacabada sobre um largo rio. Um
em cada lateral da ponte até o final da obra em construção. A câmera distancia
e coloca foco nos jovens olhando para a extensão do rio.
O que
está para além da Vida? Como construir o que falta para atingir a segunda margem do rio? Como fazê-lo com alguém que avança
em outra "lateral"?
Ah,
esta vida, ponte inacabada.
Ah,
esta segunda margem, há?
Ah,
este rio, finito incerto.
Ah,
este outro, outro.
Até breve.
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