- Vovô...
- Oi, Valentin.
- Eu tava pensando numa coisa...
- Sei.
- Você sabe o que eu tava pensando, vovô?
- Não, eu só estou dizendo que eu entendi o que você falou...
- Por quê? Você está ficando surdo?
- Não, não é isso... Afinal o que você estava pensando, Valentin?
- De quê?
- Você disse que estava pensando, não disse?
- Foi?
- Foi, ora!
- Então eu esqueci.
- Não tem problema...
- Por que não?
- Depois você se lembra...
- E se eu não lembrar, vovô?
- Você vai se lembrar sim, Valentin... Não se preocupe.
- Para onde vão os pensamentos que a gente esquece?
- Não sei, Valentin.
- Pois eu sei, vovô... Prá lugar nenhum.
- E como eles voltam quando a gente lembra deles de novo?
- A gente num lembra não, vovô... A gente inventa.
- Você foi ao parque ontem, Valentin?
- Fui, né vovô?
- Você andou em quais carrinhos?
- Minhocão, carrossel, fusquinha, motocas...
- Você se lembrou então, né?
- Não, vovô. Quando eu tava lá ontem eu andei nos carrinhos de verdade. Agora que você me perguntou eu tô inventando, né não vovô?
- Mas você andou mesmo nos carrinhos, Valentin.
- Mas agora eu tô inventando. Eu posso andar nos carrinhos que eu quiser hoje, é só eu inventar...
- Sei.
- Você também inventa, vovô?
Até breve.
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