Um Senador da República acaba de
encaminhar Projeto de Lei que obrigaria a todos os ocupantes de cargos
políticos de todos os poderes a colocarem, compulsoriamente, os seus filhos em
escolas públicas.
Ouvi ontem de um cientista
político, bastante incomodado com o projeto, que o Senador deveria preocupar-se
com questões mais relevantes, além de ser uma medida fascista e com ares
ditatoriais.
Imaginem se de forma espontânea e
maciça os nossos representantes ousassem e, mais do que por força da lei (que
eles aprovariam por unanimidade), num ato político extremo matriculassem seus
filhos em escolas públicas.
Imaginem que, investidos pelo poder
lhes entregue pelos cidadãos, eles fossem os principais fiscais das verbas, da
qualidade do ensino, das instalações, da disciplina e do desempenho de alunos e
professores.
Imaginem se a qualquer desvio de
verbas o pai-político ou os pais-políticos acionassem imediatamente os
criminosos e os obrigassem a devolver centavo por centavo em dobro o que
vilipendiaram dos cofres do estabelecimento vítima.
Imaginem que, com o passar dos
anos, frutificassem dessas escolas (disputadíssimas por todos os cidadãos e
primeiro-lugar em todos os testes pedagógicos inclusive internacionais),
lideres que pudessem transformar a nossa realidade e nos fazer, aí sim, ter
orgulho nacional.
O mesmo cientista político
considerou que o Senador fez uma proposta meramente eleitoreira, que ele "está jogando prá torcida", e
outros comentários na mesma linha.
Provavelmente ele tenha razão. Este
Senador é um canalha. Imaginem querer fazer por força de decreto legislativo
algo que não tem o menor cabimento.
Tirar das elites o direito à sua
distinção, do mercado um dos mais promissores segmentos de negócio
(especialmente os cursos profissionalizantes e universitários de periferia), e
dos políticos o direito de continuarem sendo inócuos.
O projeto já nasceu com destino
definido.
Eu prefiro continuar puto.
Até breve.
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