quinta-feira, 26 de setembro de 2013

RALO



Um Senador da República acaba de encaminhar Projeto de Lei que obrigaria a todos os ocupantes de cargos políticos de todos os poderes a colocarem, compulsoriamente, os seus filhos em escolas públicas.

Ouvi ontem de um cientista político, bastante incomodado com o projeto, que o Senador deveria preocupar-se com questões mais relevantes, além de ser uma medida fascista e com ares ditatoriais.

Imaginem se de forma espontânea e maciça os nossos representantes ousassem e, mais do que por força da lei (que eles aprovariam por unanimidade), num ato político extremo matriculassem seus filhos em escolas públicas.

Imaginem que, investidos pelo poder lhes entregue pelos cidadãos, eles fossem os principais fiscais das verbas, da qualidade do ensino, das instalações, da disciplina e do desempenho de alunos e professores.

Imaginem se a qualquer desvio de verbas o pai-político ou os pais-políticos acionassem imediatamente os criminosos e os obrigassem a devolver centavo por centavo em dobro o que vilipendiaram dos cofres do estabelecimento vítima.

Imaginem que, com o passar dos anos, frutificassem dessas escolas (disputadíssimas por todos os cidadãos e primeiro-lugar em todos os testes pedagógicos inclusive internacionais), lideres que pudessem transformar a nossa realidade e nos fazer, aí sim, ter orgulho nacional.

O mesmo cientista político considerou que o Senador fez uma proposta meramente eleitoreira, que ele "está jogando prá torcida", e outros comentários na mesma linha.

Provavelmente ele tenha razão. Este Senador é um canalha. Imaginem querer fazer por força de decreto legislativo algo que não tem o menor cabimento.

Tirar das elites o direito à sua distinção, do mercado um dos mais promissores segmentos de negócio (especialmente os cursos profissionalizantes e universitários de periferia), e dos políticos o direito de continuarem sendo inócuos.

O projeto já nasceu com destino definido.

Eu prefiro continuar puto.



Até breve.

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