Ela fez o pré-preparo e os dois
meninos, Lé e Bê, concluíram. Singelo prato e rico, galeto com risoto, salada
de alface, ervilha separada. Para sobremesa, pudim com coco.
Na sala do apartamento de Pretinha,
Noninha tentava seus hesitantes passos. Depois do almoço, chegaram para me dar
um abraço: Camileta, Lindinho e Mateo (Zeroum).
Tarde de pai. E avô.
À noite assisti, no Canal Futura,
ao filme “O Aniversário de Laila”. O
filme de 2008 retrata um dia do juiz Abu Laila que trabalha como taxista, em um
carro emprestado pelo cunhado, enquanto o governo não dispõe de recursos
financeiros para nomeá-lo. No dia do aniversário de sua filha de oito anos, ele
recebe logo cedo de sua esposa um pedido:
- “Chegue em casa antes das oito
horas da noite. Traga um bolo".
Tarefa simples, não fosse o fato de
ele viver em Ramallah, capital da Palestina, Cisjordânia, onde os conflitos
armados, a ausência de leis de toda espécie, além do trânsito caótico não
fizessem parte do cotidiano da realidade de Abu.
Estive pensando em Claudinho e
Lindinho, ontem enquanto eles papairicavam Noninha e Mateo, respectivamente. Talvez
pelo adiantado do meu tempo, sinto que a tarefa deles exigirá mais do que de
mim, os meus.
O futuro não é mais como costumava
ser.
Os ciclos estão breves, os
descaminhos são diversos, o mundo é largo e plano. A Lei é dúbia, frágil,
imprópria, às vezes. O conhecimento não alcança, o afeto é insuficiente, os
riscos são vários.
Não será pouco, ser pai.
Aquele que se interessar em assistir
ao filme citado verá que, pelo menos em ficção, resta esperança.
Até breve.
Nota: O aniversário de Laila é dirigido pelo cineasta Rashid Masharawi
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