Eu poderia escrever então exatamente sobre isto: a catatonia
que me acomete decorrente do impacto provocado pela viagem. Tudo seca a fonte
de inspiração temática, inclusive aquela que me comove sempre: Noninha.
Deixei passar em branca tela o primeiro ano de vida de minha maior
alegria presente e sequer escrevi, também, uma linha sobre o neném que cresce
em Pretinha.
Não cheguei ainda ao Brasil.
Estou sete horas fusionado pelo transtorno de infinitas
surpresas ao intelecto, ao espírito e à alma. Não é pouca coisa Dinamarca,
Noruega, Finlândia, Suécia e Rússia.
Não é pouco. Aliás, é de um tanto, que paralisou meu verbo em
algum lugar que não dou conta.
Meus relatos foram tolos, já disse. Registros de números,
paisagens, contextos históricos, políticos, sociais. Monumentos, palácios,
catedrais, teatros, praças, jardins, campos, lagos, rios, mares. Paisagens de
postais.
O ver.
Não se trata das retinas fatigadas pelo tanto. É mais, muito
mais. Apesar do frio úmido úmido, com o qual sempre tenho dificuldade, o ar que
se respira é outro.
É tudo muito.
Por onde que se passe e escute o que vem dos guias vai
tomando de assalto um infinito desejo de compreender as circunstâncias, a
época, o motivo.
Muita História.
Muito belicismo, muita orgia, muita trama, tragédia, horror,
muita pompa, riqueza, muita arte e engenharia, muita morte, muito ideal, muito
amor, muito... Muito...
Muito.
Se relerem a grande maioria de meus posts encontrarão de mim
um cabotino. Não mereço da vida tanto, sempre disse isto, mas sempre recebo
mais e ainda.
Ontem jantamos com Lizete e Roger, dois decanos amigos. Ela
me emprestou, com reservas e eu posso entender porque, um livro. Disse que
adora a literatura russa.
As últimas imagens que gravei em vídeo na viagem foram
tomadas do lado contrário da larga avenida onde está instalado o edifício da
Biblioteca de Moscou. À frente do edifício, em um amplo jardim florido, uma
imponente estátua: Fiódor Dostoiévski.
- “Leia, Agulhô, tem
tudo a ver contigo”, me disse Lizete.
O livro, Duas Narrativas Fantásticas, escrito pelo monumento
russo, traz entre elas o texto: O Sonho de um Homem Ridículo.
Entendi, amiga.
Até breve.
Meu querido ! ainda tenho o registro da frase final que pra mim é uma pista , o acreditar no possível das relações...( me lembra agora um post seu do natal , e vc vai saber qual) ....
ResponderExcluir"mas ando ainda a procura daquela jovenzinha ....e continuo, continuo ....( Dostoiésvsk). Liz