Por ter estado fora perdi o ritmo
das ruas.
O que sobrou das manifestações
catárticas, entusiastas, indispensáveis, volumosas, vândalas, insanas, amplas?
E se formos todos, literalmente todos, para a rua o que ocorreria? A quem nos dirigiríamos?
Não sei, mas quero supor que “povo”,
hoje, seja uma entidade abstrata, efêmera e fugaz. Não se constitui como voz. Tolice
alienada e/ou conforto a de se considerar representação parlamentar.
O Estado não, esse tem existência
objetiva, pragmática e concreta e se manifesta em todas as dimensões da vida cidadã.
E o que o faz valer, independente do juízo que se extraia, é aquilo que se
convencionou chamar mídia, inclusive aqui também aquela que se constrói no
boca-a-boca ou através dos múltiplos hiperlinks.
Eu por mim abolia. Fechava toda
essa tralha. Demolia no simbólico todo ministério, secretaria, e Alvoradas, e
também aquelas instituições vazias e nebulosas que se locupletam nos contornos
niermeyeranos côncavo e convexo.
Eu, por mim, tentava mais simples.
Direto: cada um por si tipo faroeste e sem xerife, ninguém que estabeleça como
deve ser. Sem Lei? Isso mesmo, sem nenhuma lei. Sem presídios, instituições de
recuperação social, hospitais psiquiátricos? Também, sem.
Estou, então, fazendo a apologia da
anarquia?
Longe de mim esta façanha, porque
ela já está posta num olhar mais agudo que se faça. Resquícios civilizatórios
ainda dão um certo odor de ordem, ocorrem até iniciativas louváveis de contemporização
social, e só.
No vamovê a coisa é outra. Relações
demoníacas, poderes torpes, negociatas de vulto. Na superfície notícia e
discurso sabido. Nosso idioma nos caracteriza: só nós nos colocamos no
gerúndio. Estamos tratando...
Se não vejamos: por delação
premiada uma companhia deu com a língua nos dentes e destampou um processo de
contratação de obras em São Paulo, localizando o envolvimento de determinado
partido político (?). “Estamos apurando e
iremos agir com rigor identificados os responsáveis.”
Eu prefiro sem xerife.
Quero comentar também o trágico recente
que me angustia se confirmada a tese policial de que foi o garoto de treze anos
que matou os pais, a avó e uma tia-avó. Ele teria atirado com uma pistola ponto 40 enquanto todos dormiam. No dia
seguinte foi à escola pela manhã, voltou para casa a tarde e se matou.
Apenas uma cena, entre tantas
outras similares, da semana. Tarantino, John Ford, Sérgio Leone e outros nobres
do cinema western dramatizariam.
Ocorre que esse é o nosso Real.
Até breve.
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