Noninha está andando.
Isto significa que, a partir de
agora, a vida está à deriva. Ela determinará destinos. E ninguém conseguirá
barrar seus propósitos.
Tudo bem que eu e todos nós vamos
buscar dizer, mas ela escutará com suas próprias pernas. Melhor que seja assim,
até para que ela seja melhor.
Vamos escolher por ela tantas e
tantos, mas será ela que optará fazer uso, consumir, comer, usufruir, seguir,
fazer, estudar... Ela escolherá a nossa escolha, ou não.
Ela aprenderá conosco um monte e um
monte ela reinterpretará e, se quisermos, aprenderemos novos.
Desde o primeiro olhar ela se
mostra. Tudo nela passa pelos seus olhos, mais do que expressivos.
Ela já veio com um jeito muito
particular de fitar pessoas e objetos. Lé diz que parece roceira, porque ela não
aceita ir para o colo de qualquer pessoa.
Acho que ela se manterá assim.
Alguém aí já deve estar enfarado e
até incomodado com quanto me aproprio de Noninha. Alguém já disse ser quase
insano.
Como se eu falasse mesmo é de Liz,
essa pessoinha, minha neta.
Tranquilizo-os e os agradeço pela
preocupação. No entanto, me frustrarei muitíssimo se optarem apenas por esta
possibilidade, ainda que não esteja descartada.
Eu seria mesmo louco se não a
considerasse.
Em minha lucidez duvidosa mora outra
intenção. Sempre que convido Noninha à meu verbo, o faço como à um ícone
despessoalizado. Eu construí diálogos com ela antes mesmo de ela nascer para
tentar dizer-me a partir dela.
Não o faço com o neném, que cresce
na barriga de Pretinha, porque não se trata. Quando ele chegar em mim, devo
adquirir um outro verbo e o con(m)ju(l)garei.
Noninha está andando.
Isto significa que, a partir de
agora, a VIDA seguirá à deriva. Ela continuará determinando destinos.
Ninguém escreve.
Até breve.
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