Pelos idos do século VIII, ao sul
da Dinamarca, existia um irmão de um rei que cobiçava o trono e a rainha. O
príncipe Amleth depois de uma viagem de conquistas volta ao castelo e encontra
o seu pai assassinado pelo seu tio. Indignado mata o tio e a mãe.
Dizem que vem daí a expressão: “Há algo de podre na Dinamarca”.
Em 1580, a rainha esposa do rei
Frederico II, grande desenvolvedora da arte em seu reino em Copenhagen, no
Castelo Kronborg, encena a tragédia. Dois dos atores que atuavam na peça migram
para Inglaterra. Lá encontram o tal de Willian Shakespeare e relatam para o
sujeito o roteiro.
Deixamos hoje Copenhagen e seus
canais que são ruas de água salgada onde, às margens, centenas de milhares de
pessoas construíram suas moradias e outros vivem em seus barcos e até pequenos
iates.
A Dinamarca é um país de 5,5
milhões de habitantes, dos quais ½ milhão vivem na capital que, junto com as
cidades circunvizinhas, totalizam 1,7 milhões de habitantes.
Um deles era Jakob Kristensen,
criador de “O patinho feio” e “A pequenina sereia”. Há uma estátua do fabulista
em Copenhagen com o rosto voltado para o Parque Tivoli, fundado em 1844 e que
deve ter inspirado Disney.
Há, também, às margens de um dos
canais que cortam a cidade, uma estátua da pequena sereia. É hoje um dos
monumentos públicos mais fotografados do mundo. Por duas vezes, desempregados
cortaram a cabeça da estátua e a lançaram ao mar.
Erguido anexo à Biblioteca Nacional
construída em 1700 há um edifício moderno com as fachadas revestidas em granito
negro importados do Zimbábue e, ao centro, vidros transparentes fixados da
cobertura ao piso em forma de V. Quando o
sol bate nas águas do lago onde às margens do mesmo foi erguida a obra, reflete
nas paredes e brilha deslumbrante. Nome do anexo: Diamante Negro.
Há também um antigo castelo onde
hoje funciona a Bolsa de Valores de Copenhagen. Na torre principal ergue-se a
cauda de quatro dragões que se enroscam. Foram trazidos da Ásia como símbolo de
prosperidade. Quatro porque na época em que foram colocados ali só se conhecia
quatro mares.
Até 1640 os reis eram coroados. A
coroa era vazada para simbolizar que o Rei estava aberto aos conselheiros com
quem, em conjunto, governava o reino. Naquele ano um idiota assumiu o trono e quis
ser empossado com uma coroa de louros, símbolo da imortalidade. Mandou fechar a
coroa porque não precisava de nenhum conselho. Nome do regime que se instalava:
Absolutismo.
Hoje, desde 1972, o Parlamento é
que unge o reinado. Há uma rainha que tem dois filhos. Na sua falta o
primogênito tornar-se-á Rei.
Não há uma diferença expressiva
entre os salários pagos na Dinamarca. Eles são taxados entre 39% e 59% de
impostos diretos, destinados à saúde, educação e transporte.
Quem trabalha em jornadas mais
longas ganha mais. Um lixeiro que trabalha das 03:00 as 07:00 horas pode vir a
ganhar mais que um professor da escola primária. O almoço nos restaurantes é
mais caro do que o jantar porque emprega mais garçons. O motorista do ônibus de
turismo que nos atendeu tem casa de verão na Itália.
Os desempregados recebem salário do
Estado por até três anos. Como hoje o índice de desemprego está em 7%, o
período de assistência passou para apenas um ano. Há um serviço público de
recolocação. Se ao final de nove meses de tentativas o cidadão não encontrar um
serviço ele pode ficar desempregado por prazo indeterminado. Daí, suponho, o
corte de cabeças da sereia.
Há outras razões para depressão que
levam alguns ao suicídio. De novembro a fevereiro o sol acorda às oito horas da
manhã e vai dormir às três da tarde. Temperatura média do período: menos doze
graus centígrados.
No verão, por outro lado, a turma
vai para a beira dos canais, braços do
Mar do Norte e, em trajes de banho, lingerie ou cuecas bronzearem-se sobre a
escaldante temperatura máxima de vinte e cinco graus centígrados.
Empresários não sofrem taxação de
impostos, mas são impelidos a investir em ações de desenvolvimento cultural e
social do país. O Museu Nacional, que até 1859 serviu de morada aos reis,
sofreu um terrível incêndio que destruiu tudo menos a capela central. Ocorre
que dois anos antes ele havia passado por uma reforma geral e haviam projetos
detalhados de todas as instalações.
Carl Jakobsen mobilizou o
empresariado e reconstruiu todas as instalações. Recebeu de doadores móveis,
utensílios de épocas, pratarias e tudo o mais para montar ali o Museu. Carl
Jakobsen vem a ser o dono de uma das maiores cervejarias do mundo: Carlsberg.
Há no país uma preocupação
ecológica evidente. Boa parte da energia consumida é eólica. Em fins de 1800
estabeleceu-se que para cada árvore cortada deveria se plantar duas.
Passando por estradas arborizadas
pelas faias, a árvore símbolo da Dinamarca, tivemos a clara visão disto. Nas
laterais de cada pista uma ciclovia de dois metros de largura. Viajando pelo
interior vimos adultos e crianças saboreando o passeio.
Limitações da CEE impedem a
exportação de toda a produção de cereais do país. O excedente é lançado aos
animais, principalmente aos porcos. Dizem aqui que estes são mais bem
alimentados do que os fazendeiros.
A lingüiça de carne de porco é
divina. Hoje são exportadas dois milhões
de latas com sémem de porcos. A guia de
turismo não soube dizer o tamanho das latas.
Os alimentos são soberbos. E para
dosar suas calorias há uma aguardente que é servida junto às refeições que
funciona como um diluidor de gorduras. Quando experimentamos pela primeira vez
pedi uma única dose, provei e fui ao toalete. Quando voltei o copinho estava
vazio. Ela tinha se precavido.
Enfim, Copenhagen só visitando para
sentir quão distinta. Ao deixá-la para ir em direção à Oslo na Noruega (em um ferry boat) fomos brindados pelo ocaso
do sol às 22:50 horas da noite.
Até breve.
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