Eu deveria mesmo era trazer Noninha
à post. Ela continua lindando a vida. Um de seus últimos aprendizados é
estender os bracinhos, virar a palma das mãos para cima quando indagada: Onde
está a vovó? Onde está o auau? Onde está o menino? Uma gracinha.
Perdoem-me. Eu deveria era mesmo trazer
Noninha à post.
Ocorre que há no ambiente algo que
me convida: as manifestações públicas, especialmente em São Paulo, pelo
reajuste dos preços das passagens de ônibus.
Movimento orquestrado por jovens
alucinados, estudantes secundaristas e universitários, professores, pedagogos,
jornalistas (um inclusive do portal APRENDIZ), integrantes de um grupo de ajuda
social a milhares de desassistidos e que abraçaram agora a causa pelo debate
sobre o aumento das tarifas.
Baderneiros profissionais que solapam o direito de ir e vir
da imensa população catatônica que zingra os espaços do cotidiano. Desajustados, desocupados que insiste em
fazer algo que lembre o que restou de povo, elemento essencial de um regime
democrático.
O governador nomeia o movimento de
político e organizado por uma minoria. O povo sempre foi minoria e é nele que
reside a essência de haver Política. Jamais foram as massas que mudaram o
status quo. Meia dúzia de demoníacos cérebros e corações apaixonados por um
ideal que conscientizaram, iluminaram e incendiaram causas libertárias é que
fizeram História e arrastaram multidões.
No momento presente parece que não
há mesmo espaço. Qualquer manifestação que possa vir a lembrar direitos é barbaramente
rechaçada. Com uma agravante: ao movimento legítimo agregam-se oportunistas de
toda sorte, inclusive aqueles ligados à esfera da política de estado, além dos
infelizes tantos que perambulam pelas cidades e que aproveitam a chance de
serem a partir de uma desgraça qualquer.
Meninos, ao deixarem a cadeia,
voltem para as suas casas. Procurem algo para com que se ocuparem. Esqueçam o
social, busquem um emprego sadio, por exemplo. Deixem que os administradores do
Estado cuidem de nossos mais justos interesses. Eles já nos deram mostras, mais
do que satisfatórias, para atestar da sua lisura, responsabilidade e capacidade
em cuidar da coisa pública.
Meninos, voltem para seus lares. Deixem
estas ideias revolucionárias no esquecimento. Amadureçam. Tornem-se cidadãos de
um mundo desinteressante e sem sentido, onde tudo deve mudar para ficar do
mesmo jeito.
Aproveitem as Copas nos imensos
telões instalados em praças públicas ou em bares. Embriaguem-se. Torçam pelo
que é determinado torcer. Nós seremos hexa.
E tudo continuará como dantes.
A ordem imperará.
Até breve.
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