À margem os marginais. Não é deles
a cena principal do que se passa. Fazem parte da sociedade brasileira e saíram às
ruas para ganhar manchetes pela sua desgraça. Talvez se façam necessários mesmo
para dar a dimensão do mal estar.
Gostei do discurso da Presidente.
Temia muito por ele. Depois de ouvi-la achei que ela deixou pouca margem para
críticas que não sejam positivas. E mais: trouxe para o centro das instituições
a demanda das ruas.
Ultrapassou seus poderes
constituídos especialmente quando decide transferir 100% dos recursos do
petróleo para a educação. Em situações normais de temperatura e pressão uma
decisão destas demoraria anos para tramitar por todos os caminhos da
burrocracia democrática, além de implicar em um sem número de perdas via
pedágio e corrupção presentes.
Gosto da intervenção sobre a
mobilidade urbana. Posts atrás comentei sobre São Paulo. Um horror. As cidades se
transformam no pior lugar para se viver.
Na Saúde, achei acanhada a ação.
Nosso drama na área é muito mais amplo do que o nosso efetivo de médicos para a
prestação dos serviços. De qualquer forma, ainda que modesta, é uma ação
objetiva que pode mitigar perdas.
No plano político assumiu a liderança
da nação conclamando os governadores para construírem juntos uma “ampla e profunda” reforma, com vistas a “oxigenar o nosso velho sistema político”.
Avançamos. Agora temos o problema (demanda
das ruas) e os responsáveis pelo equacionamento do mesmo (governo) e o
encaminhamento das soluções.
Simples assim? O tempo dirá.
Nossa bandeira estadual professa:
LIBERDADE AINDA QUE TARDIA. Alguma coisa me diz que seja tarde, que as soluções
não venham em um tempo que pacifique os ânimos, que haja resistências de
diversas naturezas no plano político e até internacional.
Creio, no entanto, que se mantidas
as manifestações de rua, estas medidas propostas pela Presidente serão
monitoradas passo a passo. Não acredito que o discurso apenas deva demover as massas.
Serão necessários fatos objetivos e contundentes que sinalizem a efetividade
das ações.
Contratar médicos em outros países
talvez seja a tarefa mais rápida. Alocar recursos do petróleo para a educação e
por força desta medida sentir os seus efeitos; construir um pacto político que produza
uma reengenharia partidária com intensa participação popular, além de projetar ações
que levem efetivamente a uma melhor mobilidade urbana são tarefas complexas na
execução e de resultados a médio e longo prazo.
A urbe ruge.
Certa vez uma grande amiga me disse
que nós, eu incluso, precisávamos deixar de fazer discurso político e ir para
prática.
Eu irei para as ruas.
Até breve.
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