Tenho prá mim que, quando os
meninos DASPUC engendraram o MPL eles
não tinham a exata medida em que poderiam estar fuçando. Gosto muito de uma
frase de Bernard Shaw, o dramaturgo inglês: “O
sensato acomoda-se. O insensato avança. Logo, todo progresso deve-se ao
insensato”.
Eles provavelmente acreditavam
colher alguns poucos interessados em dar uma volta com eles por parte da cidade
gritando palavras de ordem e contra, especificamente, o reajuste das passagens
de ônibus. Sucesso seria se desse alguma foto na Folha.
Da mesma forma os governantes que
decidiram pela medida, nem imaginavam a extensão de mais uma de seus cotidianos
equívocos e foram para Paris em viagem.
Ocorre que os meninos DASPUC, insensatos, acenderam a centelha
mágica e imprevisível da História. Ao MPL infiltraram-se inúmeras bocas caladas
e agora roucas empunhando seus cartazes, explicitando suas demandas.
Não é possível saber exatamente o
que está acontecendo, porque ainda está por acontecer e ninguém pode precisar o
que virá. Não acredito, porque prefiro não acreditar, que este algo adormeça. E
também sofro com a possibilidade de, com a extensão que isto possa vir a ter, o
Estado regulador voltar à cena com poderes discricionários para vigiar e punir.
Não, de novo não.
Ontem a presidente, em discurso em
evento sobre os marcos regulatórios da mineração, disse que devemos escutar os
apelos das ruas contra os descasos, a
corrupção e a destinação dos investimentos públicos. Agora?
Os políticos profissionais estão assustados
com seus representados, provavelmente inconformados pelo fato de seus eleitores
estarem atrapalhando a sua prática representativa.
Tragicômica a saída, fortemente escoltada,
ontem à noite, de senador vitalício e ex-presidente casual pelas portas dos
fundos do Congresso Nacional. Eles têm horror de povo.
Analistas de plantão sugerem aos
meninos DASPUC que eles retomem a
liderança do movimento e enderecem adequada e equilibradamente as suas
reivindicações dentro dos escaninhos da ordem estabelecida.
Colegas, os meninos DASPUC, só fizeram a arte de empurrar a
primeira pecinha de um dominó. Pedir que eles barrem a quinta pecinha é não
entender nada de física. A força com que a pedrinha vem é descomunal.
Para hoje estão dizendo que no
Castelão... Adoro a vida por isto, toda hora vem algo de simbólico a nos
acometer. Castelão é ótimo! E ainda mais em Fortaleza! Enfim, dizem que há uma
expectativa de que na hora da execução do Hino Nacional Brasileiro todos os
torcedores, nenhum dos meninos DASPUC
e em uma cidade que já ocorreu a redução das tarifas de ônibus, fique de
costas.
Seguramente o protesto não será uma
afronta a nós mesmos.
De lá ouviremos todos, muitos com
profunda emoção:
“Ah, eu sou brasileiro,
Com muito orgulho
E muito amor...”
Até breve.
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