Já tem muito tempo que eu soube.
Foi Ela que, como em inúmeras vezes, me proporcionou saber. Aliás, boa parte do
que eu sei de profundo, foi trazido por Ela. Avesso que eu sou a procuras do
erudito e/ou acadêmico Ela sempre me expõe a fragmentos em páginas:
- “Leia isto, pode te ser útil”.
Deve de ter sido em um desses
livros de Psicanálise (que devora e entende) que Ela sacou um dos fragmentos.
Ali a autora dava conta do que vem a ser a fruta da paixão. Para minha surpresa
e encanto soube que é o maracujá. Se você abrir um e extrair as sementes verá
que elas lembram cravos. O simbólico leva a cravos que crucificaram o Cristo.
Pois é.
Ela sempre cuidou. De meu lado sobra
a penitência eterna. Teve quando eu com dezenove Ela aos quinze de, em dia como
o de hoje, convidá-la para comemorar em um restaurante. Levei uma sombrinha de
presente. Foi na Cantina do Ângelo, na Avenida Afonso Pena, próximo à Prefeitura.
Lugar hiper-romântico.
Talvez tenha sido uma das poucas
vezes que permiti que ela fizesse o pedido primeiro. Eu estava com o dinheiro à
conta para não mais que um prato e meio depois que vi o cardápio. E Ela, como
sempre: “Pede você primeiro”...
Se perguntarem para Ela sobre o
episódio, dirá que não foi bem assim. Ela deverá saber até a cor da meia que eu
estava naquele dia. Eu, sempre me ocupei para além dos fatos, corrompendo
exatidões, trazendo deles o que me basta. Como agora.
Inúmeras vezes eu quis ir embora.
Ela se quis, nunca deixou que eu soubesse. Eu, com os meus supitos, achava que
ali não residia mais razão para morada. Aconteceu muito recentemente, no final
do último ano.
Só que é assim, desse jeito.
TRANSFERE DE TI PARA MIM ESSA DOR
DE CABEÇA,
ESSE DESEJO, ESSA VIOLÊNCIA.
QUE CAREÇA EM TI O MEU EXCESSO
E QUE ME FALTE O QUE TU TENS DE
SOBRA.
QUE EM MIM PERDURE O QUE TE MORRE
CEDO
E QUE TE PERMANEÇA O QUE TENHO
PERDIDO.
QUE CRESÇA, SE DESENVOLVA UM TEU
SENTIDO,
QUE EM MIM DESAPAREÇA.
DÁ-ME O QUE DE POSSUIR TU NÃO TE
IMPORTAS
E EU MULTIPLICO O QUE TE FALTA E EM
MIM EXISTE
PARA QUE NOSSO ENCAIXE FORME UMA
UNIDADE - INDIVISÍVEL -
QUE NÃO POSSA SUBTRAIR UMA METADE.
Morro de inveja de Bruna Lombardi que escreveu em meu lugar
esse poema: Prá que sejamos necessários.
Até breve.
Suspirei!
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