PEC 37 arquivada. Corrupção como
crime hediondo. 75% para a educação e 25% para a saúde dos royalties do Pré-sal.
Primeiro deputado com mandato de prisão do período pós-ditadura. Inúmeros
feridos e duas vítimas fatais (um jovem de Belo Horizonte que caiu de um viaduto
nas proximidades do Mineirão e outro atropelado durante as manifestações em Ribeirão Preto). Algumas centenas de presos e já liberados,
alguns denunciados pelo crime de depredação de patrimônio público e/ou privado.
Milhões de reais de prejuízos econômicos e financeiros ocasionados por diferentes
razões.
Balanço superficial das três
semanas de manifestações Brasil a fora.
Somados aos dados e fatos um debate
intenso sobre a reforma política.
O produto gerado não me parece
relevante. Ministério Público e Polícia Federal declaram que convivem bem com
os processos investigativos, não há problemas entre as instituições.
Difícil será colocar na cadeira,
ainda que por crime hediondo, corruptos face ao aparato jurídico atual que
contempla os famigerados embargos protelatórios. O crime do deputado, agora com
mandato de prisão, ocorreu entre 1995 e 1998, quando surrupiou de cofres públicos R$8,4 milhões em valores da época.
Os royalties do Pré-sal começarão a
serem recolhidos só daqui, Deus nos ouça, há cinco anos.
Vamos precisar ter muita paciência
para avançarmos com solidez. As instituições estão muito sólidas em seus
normativos internos e amparadas pela Constituição. Não se farão mudanças
estruturais via decreto. A classe política se articula com muita habilidade em
momentos de crise, mesmo esta e com estas proporções.
Penso, no entanto, que ocorrem
ganhos substanciais e eles estão exatamente naqueles que foram e irão ainda
para as ruas. Claro que os motivos que os levam às manifestações são os mais
diversos, de paquera à quebradeira passando pelo que é mais importante e
significativo que é a descoberta do dever cívico.
Reside aqui, em minha opinião, o
ponto mais sensível do processo. A convicção dos manifestantes de que seja esse
o melhor caminho para fazer valer os seus mais caros direitos.
Parece-me que este será o grande
legado dos movimentos atuais. É possível, há cumplicidade, interesse e forte
adesão de milhões para exercerem uma conduta proativa, pacífica, mas determinada
a obter aquilo a que se propõe.
Vejo ainda o surgimento de terreno
fértil para o surgimento de lideranças engajadas com outras propostas e outras
convicções. O que já assisti de entrevistas de alguns manifestantes encheu-me
de esperança nessa moçada nova.
Assim entendo que não faremos
bravatas de curto prazo, o desafio de mudar o que precisa mudar é gigantesco e
as forças conservadoras estão muito bem instaladas.
Mas ninguém poderá fundar sua
conduta nas bases existentes antes do início dos movimentos que se deu em Porto
Alegre reivindicando transparência com os recursos aplicados na Copa.
Até breve.