quarta-feira, 22 de maio de 2013

LUMINURAS




Estou em Campinas, onde nos dois últimos dias ministrei seminário. Amanhã e depois serei privilegiado pela quarta turma de executivos de uma empresa do setor de energia.

Minha dedicação ao evento é imensa e minha entrega é absoluta. O evento perpassa questões que transcendem e em muito a dimensão meramente organizacional. 

Quando concluo, sinto-me plenamente exaurido, como se tirassem de mim todo o meu fôlego. Agora, aos sessenta, mais ainda e especialmente nesta semana que uma gripe insiste em inflamar minhas cordas vocais tornando ainda mais árdua a tarefa.

Não uso nenhum recurso convencional como slides, Power Point, filmes, etc. Vou ao encontro do grupo sem nenhum dispositivo de suporte. Do início ao fim do evento percorro reflexões fundadas exclusivamente sobre obviedades largamente conhecidas em diferentes abordagens pelo meu público.

Tenho presente que é sempre o que mais o escandaliza no sentido de que tudo já era por todos conhecido, nenhuma informação, nenhum conceito, nenhuma construção é original, nada é genuinamente novo.

Ao final, recebo agradecimentos efusivos e demonstrações explícitas de quão importantes foram as nossas reflexões. Uma, de uma jovem engenheira respeitadíssima pelos seus colegas: "Agulhô, senti como estivesse diante de um quebra cabeças, um emaranhado de signos e que você lenta, gradual e profundamente foi nos ajudando a desconstruir. Ficamos com a tarefa de remontá-lo, procurando nele uma nova paisagem que nos faça sentido."

Aparentemente caótico e sem nexo lógico o percurso é traçado sob a perspectiva de três ângulos de abordagem: Novas Realidades, Nossas Realidades, Nossas Respostas.

Em Nossas Realidades fazemos um sobrevôo rasante sobre as macroquestões que cenarizam o ambiente global, como se abrindo a janela para o mundo nos perguntássemos: o que se passa?

Em Nossas Realidades nosso objeto de investigação diz respeito à organização cliente, seu desafio orientador e seus fatores críticos de sucesso.

Em Nossas Respostas diz respeito ao posicionamento esperado do seu corpo executivo.

A última dinâmica sempre me estraçalha, porque versa sobre ética e dá a dimensão de quão distantes estamos do sonho de sermos humanos. Quão miseráveis somos embora enriquecidos com conhecimento que empola o nosso discurso, mas que não traduz verdadeiramente a nossa conduta no cotidiano, especialmente no espaço corporativo.

É impossível à mim ou mesmo a um dos participantes descrever o que se passa, é uma experiência inenarrável sobretudo por ser simples e de uma clareza acachapante.

Para quem não esteve e nem estará lá este post não diz muito. A mim serve como um lenitivo, um reabastecer de energia para soerguer a partir de amanhã outro processo.

Serve ainda como um registro. Sei que daqui há alguns anos, quando ler este post novamente entendei quão expressivos foram esses momentos para minha compreensão.

Meu imenso obrigado aos participantes. 


Até breve.


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