De repente me dei conta de que, por
alguma razão, comecei a dar atenção ao debate que estampa primeira página de
jornais, entrevistas especiais em revistas semanais, programas de entrevistas
na TV, inúmeros filmes, teses acadêmicas, além de manifestações públicas mundo
afora.
A união de pessoas do mesmo sexo,
inclusive com amparo legal.
Alguns anos atrás eu assisti a uma
entrevista na TV, não me lembro do entrevistador e o entrevistado, também não
lembro quem era, disse algo que, na época e ainda agora, me desperta atenção: “Eu não posso amar... Eu não tenho a menor
esperança em poder escolher alguém com quem possa passar o resto de minha
vida... No fundo, eu não posso ser.”
No resort que passamos este final
de semana estavam hospedados dois casais de homossexuais masculinos. É assim
mesmo que devemos referir a uma dupla de homens homossexuais?
Pois bem, tanto eu quanto Ela
interagimos com ambas as duplas quando nos cruzamos em passeios pela praia ou
no restaurante do hotel. Ela inclusive tirou fotos de um dos casais no jantar
de sábado brindando com os rostos colados, punhos entrelaçados, taças de
champanhe.
Vou confessar: eu jamais vou
encarar com naturalidade este fato. Embora eu não faça nenhum juízo a respeito
e nem me importo a mínima com a escolha de quem quer que seja como entende que
deva levar a sua vida, prá mim continuará estranho.
Estranho assim... Estranho. Sem
nenhuma questão de ordem religiosa, moral, cultural, mas prá mim é estranho.
Sei que já temos publicações prevendo que, em tempo breve, vamos conviver com
todo tipo de opções de acasalamento: a caça não será determinada pelo sexo, mas
o fato de que aquela pessoa desejada te pareceu interessante capaz de dividir
contigo as suas escolhas, seja homem, mulher, bi, homo ou heterossexual, ou até
metrossexual.
Estranho.
Ainda fico procurando saber quem é
o homem e quem é a mulher, ou seja, quem desempenha qual papel na relação. Será
correta a minha dúvida? Depois como deveremos, em futuro breve, referir ao
sujeito como homem ou como mulher, ou como seres?
Num sei. Taí uma coisa que talvez
se configure mesmo como mais um ícone de nossa época. O ser humano agora abolindo
a questão do macho e da fêmea, como serão as universalidades hoje conhecidas:
homem gosta de futebol, lutas, corrida de automóveis, esportes radicais,
mulheres? Mulher gosta de shoppings, unhas pintadas, saltos altos, batons e
homens?
Será que o tempo fará com que
afinal homens e mulheres tornem-se iguais? Homem que ama shopping, mulher que
se amarra num arranca toco de final de semana em um campinho de várzea, homem
que usa bata em cores de última moda, mulher que adora...
Se um e outro puderem dizer que
afinal podem amar, ou que podem escolher a um ou a outro e a outro ainda, enfim
se puderem ser, qual é mesmo a questão?
Talvez seja por isto que ache
estranho.
Até breve.
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