Sempre achei que a Vida
surpreende.
Assim: eu de repente
entro numa de potencializar determinados contornos e fico neles por um tempo. Aí
surge algo que desnorteia, pondo outros emboramentes que desconcertam o
espírito. É desse jeito, se alguém me entende.
Tava bonito prá mim, de
conforme, que eu ficasse por aqui, nesses escrevimentos de posts, cuidamentos
essenciais de Noninha, mais uma coisinha ou outra qualquer para encher o tempo
de alegria e sentido. Fiz até diálogos com a netinha, antes mesmo dela chegar,
como se já tivesse cinco ou seis anos de idade. Foi bom de um tanto. Lembro que
o último diálogo foi exatamente no dia anterior à sua real chegada, como se eu
já soubesse.
Sempre achei que a Vida
surpreende.
Um dia me encontro com
alguém e surge aí uma retomada a palcos distantes que eu, confesso, num tava
muito de querendo reocupar. Num é por nada não, só num queria. Se bem que
agora, eu tô achando que sei de um pouco dos porquê. É que dói quando vivo esse
palco.
Observo de um lugar do
privilégio as pessoas sendo-se. Ou da dificuldade de. Se você não sacou ainda,
falo da perspectiva de mim enquanto facilitador de seminários. Dói, e muito.
No fundo, não dói por
elas não. Dói mesmo é por mim. Constatar minha miséria assim de forma tão
explícita, nos sendos dos outros. E olha que muitos, muito melhor aparelhados
do que eu próprio nas descobertas. Até pela idade, pelos cursos já
frequentados, história familiar, oportunidades.
No final de cada
seminário eu me sinto como traste. Tá mesmo muito difícil deixar a moenda, acho
até que num tem mesmo saída para alguns, maioria talvez. A mecânica da rotina e
da massificação dos queros e dos precisos e dos tenhos-quê vai mesmo tirando os
porquê, os paraquê. Toma curso de repetição. Aliena.
É só de vê quando
envolve constituir família. Outro dia lá no Txai, conheci um empresário bem
sucedido que, como eu, se tornou avô recente. Disse-me que neto é lucro. Até
nos afetos o vil metal vitima.
Ninguém é mais para.
Todo mundo é por. Por assim, de preço. A vida ficou sobrada no ter por ter,
inclusive de marca, para ser. Como todos. Senão frustra tanto que leva até à
consultórios, como fracasso.
Sempre achei que a Vida
surpreende.
Esta semana ouvi de uma
amiga que falou, assim no vazio, pouca gente que estava perto ouviu ou quis ouvir:
“Essa relação sua com a Liz é muita
estranha, vocês não acham não?”
Vou precisar de muito
tempo para me refazer destes transtornos recentes porque nem a História sabe
mais se estamos mesmo diante de estúpidas repetições ou de algo tão
absurdamente inédito, por afrontar o óbvio, que mereça destaque em homenagem ao
desatino.
Seja por que for a Vida
me surpreende. Esta semana, de muito.
Até breve.
Profundo, inquietador.
ResponderExcluirAbraço.