sexta-feira, 31 de maio de 2013

EPOPÉIA



Não se calarão as mais de vinte e tantas mil vozes emascaradas pelo signo do terror para intimidarem o roto adversário do grande grupo forte e vingador.

Nem as centenas e centenas de milhares de outras vozes ansiosas e sofredoras que se perguntaram: será que voltamos a ser tão trágicos?

Uma eu sei, passeando em São Paulo, com toda a certeza deve ter se amargurado profundamente, acreditando que, como sempre, o destino do atropelo o frustraria novamente próximo à chegada.

Não se calarão as vozes da paixão alvinegra, nem de velhos e nem de jovens e nem de crianças, nem de teresas e luzias que, flagrados pelas câmeras, manifestavam o seu sentimento doentio.

Sim, eles são doentes.

Seus emissários em campo irreconhecíveis não acompanhavam os movimentos magistrais e harmônicos que ecoavam das arquibancadas. O grupo não repetia antigas engrenagens e como disse um dos asseclas: “Hoje não encaixamos”.

Por pouco, muito pouco a vitória não seria do adversário. Como quer as tramas do extraordinário, na caminhada histórica, ficará na lembrança a noite do pânico.

Ficará na lembrança o despontar de um dos guerreiros que carrega em seu nome o triunfo. Por três oportunidades claras para o adversário ele estava ali, uma barreira intransponível, lançando-se com todos os braços e pernas defronte ao rubro e demoníaco adversário.

Foi sim iluminado, por tantas e tantas horas de treinos repetitivos e ininterruptos, pela análise da prática de seu eventual algoz, pela sorte que acompanha aqueles que mais trabalham, pela competência de estar naquele lugar exatamente para, nestas horas, construir o épico.

A paixão doentia foi afinal recompensada.

Imagino quantos de outras cores que não a alvinegra torceu para que se viabilizasse o drama. Quantos, como eu, no fundo, “secaram” para que não fosse possível a alegria dos doentes.

Só que, na noite de ontem, não seria justo.

É chegada a hora de que a massa aproveite sua loucura, seus extraordinários méritos, da humilde e encarnada dedicação de seus líderes em campo e fora de campo.

É chegada a hora do triunfo.

E eu quero estar presente em Marrocos, não para secar pela inveja ou ignorância tosca, mas para fazer da conquista um ato de deferência a meu inesquecível e amado sogro, e ouvir dos infinitos o seu grito de guerra galináceo.

Que vengam los hermanos, estes novos velhos jovens argentinos, como meu querido pai azul celeste.

O Horto os esperará.



Até breve.

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