Não se calarão as mais de vinte e
tantas mil vozes emascaradas pelo signo do terror para intimidarem o roto
adversário do grande grupo forte e vingador.
Nem as centenas e centenas de
milhares de outras vozes ansiosas e sofredoras que se perguntaram: será que
voltamos a ser tão trágicos?
Uma eu sei, passeando em São Paulo,
com toda a certeza deve ter se amargurado profundamente, acreditando que, como
sempre, o destino do atropelo o frustraria novamente próximo à chegada.
Não se calarão as vozes da paixão
alvinegra, nem de velhos e nem de jovens e nem de crianças, nem de teresas e
luzias que, flagrados pelas câmeras, manifestavam o seu sentimento doentio.
Sim, eles são doentes.
Seus emissários em campo
irreconhecíveis não acompanhavam os movimentos magistrais e harmônicos que ecoavam
das arquibancadas. O grupo não repetia antigas engrenagens e como disse um dos
asseclas: “Hoje não encaixamos”.
Por pouco, muito pouco a vitória
não seria do adversário. Como quer as tramas do extraordinário, na caminhada
histórica, ficará na lembrança a noite do pânico.
Ficará na lembrança o despontar de
um dos guerreiros que carrega em seu nome o triunfo. Por três oportunidades
claras para o adversário ele estava ali, uma barreira intransponível,
lançando-se com todos os braços e pernas defronte ao rubro e demoníaco
adversário.
Foi sim iluminado, por tantas e
tantas horas de treinos repetitivos e ininterruptos, pela análise da prática de
seu eventual algoz, pela sorte que acompanha aqueles que mais trabalham, pela
competência de estar naquele lugar exatamente para, nestas horas, construir o
épico.
A paixão doentia foi afinal
recompensada.
Imagino quantos de outras cores que
não a alvinegra torceu para que se viabilizasse o drama. Quantos, como eu, no
fundo, “secaram” para que não fosse possível a alegria dos doentes.
Só que, na noite de ontem, não
seria justo.
É chegada a hora de que a massa
aproveite sua loucura, seus extraordinários méritos, da humilde e encarnada
dedicação de seus líderes em campo e fora de campo.
É chegada a hora do triunfo.
E eu quero estar presente em
Marrocos, não para secar pela inveja ou ignorância tosca, mas para fazer da
conquista um ato de deferência a meu inesquecível e amado sogro, e ouvir dos
infinitos o seu grito de guerra galináceo.
Que vengam los hermanos, estes
novos velhos jovens argentinos, como meu querido pai azul celeste.
O Horto os esperará.
Até breve.
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