Não me parece que Boston deva ser
debitado à fanáticos religiosos ou à ideólogos terroristas. Arriscando-me a
emitir opinião sem estar suficientemente aparelhado para tal, o que me parece é
que as evidências colhidas nas primeiras horas não dão este glamour macabro ao
atentado.
De qualquer modo abordo o tema
acreditando que, pelas características dos artefatos usados, não devam ter sido
preparados por profissionais internacionais do Terror de Estado e/ou de Seitas
extremadas.
Esferas, pregos e outros elementos
foram usados na fabricação das bombas, quase caseiras, que explodiram muito
próximo uma da outra, inclusive no tempo, 15 segundos.
Suponho ser ação individual ou de
indivíduos, sequer de um grupo estruturado e que mereça maior destaque pelas
causas que o(s) levou (aram) ao ato. Reside aqui, entretanto, o nosso maior perigo.
A moda pegue para os americanos.
Tudo lá ocorre pelo signo da repetição, daí o receio com as próximas maratonas.
O problema pode ser que nem sejam os mesmos autores de Boston e nem pelas
mesmas causas, mas que os atos se repitam como há vários anos se sucedem
assassinatos insanos em escolas, quando um único atirador ceifou a vida de
dezenas de pessoas, especialmente crianças.
O que, guardadas as devidas
proporções e circunstâncias, também ocorre aqui, cada dia mais próximo a cada
um de nós. Apenas para citar dois últimos atentados à sociedade: um rapaz de 21
anos assassinou friamente em um único dia, com tiros na nuca, na cidade de
Livramento a três taxistas e, no dia seguinte em Porto Alegre, a outros três
taxistas auferindo R$870,00 como produto dos latrocínios. Motivo: ele tinha
certeza que não seria pego pela polícia e precisava pagar o aluguel de
R$1.250,00 que estava atrasado. O outro episódio o de um rapaz menor, a um dia
de completar a maioridade, que assassinou friamente um jovem estudante para lhe
roubar um celular.
Este último caso do cotidiano
urbano nacional levou ao Governador de São Paulo a usar os holofotes e ir à Brasília
levando petição formal para reduzir de dezoito para dezesseis anos a idade
penal.
Quero somar com o Governador em sua
tese. Devemos sim reduzir a idade penal para que possamos ficar imunes a crimes
semelhantes. Discordo apenas que a redução da pena se limite a dezesseis anos
de idade do infrator.
Proponho que toda criança que nasça
sobre condições adversas ao desenvolvimento de uma vida livre, saudável e
segura deva, logo que receber sua Certidão de Nascimento, ser condenada à
prisão perpetua. Não devemos correr o risco do aleatório.
Vamos sentenciar a todas as
crianças que nasçam sob condições que, fatalmente, as levarão como alternativa
ao crime. Assim, condenadas à prisão perpetua estarão sob os encargos da
Sociedade e do Estado.
Portanto, à Sociedade e ao Estado
se imputará a responsabilidade por prover aos condenados: creches,
alimentação, pedagogia, convívio social, entretenimento, lazer, cultura, arte,
educação e perspectiva para que, quem sabe na idade adulta, possam ser
comutadas as suas penas a uma prisão mais tênue, aquela que lhes darão a noção
objetiva e clara dos direitos e deveres enquanto cidadãos.
Não vou à Brasília porque sei que
não encontrarei ninguém. Nem clamo à Sociedade, porque estamos todos muito
ocupados com nossos mais caros e imediatos problemas. À Sociedade não interessa
a causa e o Estado não tem recursos disponíveis para reconstruir moral e civicamente
o país.
Nós todos sabemos dos pormenores
disto tudo, somente esperamos que as bombas não estejam na nossa reta de
chegada.
À minha tese sobre as
características que constituem a nova era além de explícita, efêmera e banal,
incluirei hedionda.
Até breve.
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