terça-feira, 30 de abril de 2013

DICA



Não vejo nenhum problema em alguém querer ser querido. E muito. Não vejo nenhum problema em alguém querer saber se é querido. E quanto. Não vejo nenhum problema em alguém perguntar se é querido. E quantas vezes sentir necessidade.

Vejo só problema em toda hora ficar falando nisso, como se não houvesse nenhum outro assunto que pudesse interessar.

Do tipo: alguns dos recentes atentados à sociedade.

Ø  Assassinato de uma menina que, abraçada com a irmã, tentava proteger o pai vítima de ataque do dono de uma pizzaria com quem ele havia tido uma discussão banal.

Ø  Prisão de Cachoeira por se negar ao teste de bafômetro. Solto após pagar fiança de R$22.000,00 (vinte e dois mil reais). Rotina.

Ø  Prisão de milionário pai de menino de nove anos a quem deu as chaves de sua Ferrari vermelha para o guri passear com o irmão de seis anos. Solto após pagar fiança de R$180,00 (cento e oitenta reais). Acinte.

Ø  Assassinato da dentista queimada viva porque só tinha R$30,00 reais no banco. Um dos assaltantes usou um Audi de propriedade da mãe que o denunciou. Barbárie.

Ou comentar o filme Linha de Frente, italiano, documentário romanceado sobre depoimento de jovem terrorista, extremista político, com remorsos pelos crimes cometidos quando na luta armada. Olhar na perspectiva daquele que, pela via do desespero, perde a dimensão dos meios para atingir determinados fins justificáveis. Os fatos verdadeiros ocorridos em fins da década de setenta, início da década de oitenta, culminaram com a prisão dele e de todos os seus companheiros de frente. Julgado à prisão perpétua, teve sua pena comutada e em 2004 após 22 anos de cadeia tornou-se junto com sua esposa, também militante da guerrilha, voluntários em programas sociais.

Ou ainda, para drenar os espíritos, editar outro vídeo de Noninha, repetindo peraltices do papai e da mamãe.


Não é tanto pelo número de posts (hoje 399) e nem pelo tempo de permanência do blog, dois anos no próximo 08 de maio. É que se lidos, com paciência e cuidado, a maioria deles merece atenção. Tem aí uma proposta de reflexão, um enunciado, uma tese quase conclusa: tudo soa como esgotamento.

Não vejo nenhum problema em alguém querer saber se entendido.


Até breve.

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