Ontem não fiz minha caminhada
matinal e, portanto, minhas pernas não me levaram à post. Na verdade não foi só
por isto, meus afazeres entre eles pajear Noninha e visitar parentes me impediu
de registrar minhas conjecturas do dia.
Só que fiquei matutando em PENALTE.
Quem sofreu a penalidade e quem vai cobrá-la? Somos nós, que dentro da área,
deixamos de cumprir com inúmeros deveres cívicos e produzimos um lance de alto
risco para o adversário? Ou foi o adversário que, de forma violenta, quer tirar
de nós a alegria de comemorarmos o dia do Patriotismo?
Vamos cobrar a falta máxima de
forma exemplar identificando e punindo perpetuamente nosso adversário? Ou será
ele que cobra literalmente que façamos algo que lhe impeça de ser o que lhe restava
que fosse?
O campeonato cada dia fica mais
violento.
Temo apenas que os infratores não
sejam americanos e que suas causas não sejam domésticas (como suas bombas).
Temo apenas que não sejam jovens que não foram bem no teste de matemática, ou
que brigaram com namoradas, ou que estavam querendo chamar atenção para si
próprios porque estão numa fase de autoafirmação diante de seus coleguinhas de
turma.
Temo que não sejam americanos
natos. Temo que não sejam banais, os seus motivos.
Temo que vistam outra camisa que não
seja aquela que represente as cores da América do Norte. Temo que as razões
sejam justificáveis, olhando pelo prisma do adversário.
Caso não sejam americanos temo como
seremos tratados por eles se forem brasileiros os infratores. E se forem
brasileiros e quiserem trazer como motivo o que se passa nos porões de seu país
estrelado. Temo por isto e por mais.
E se forem sírios ou colombianos ou
mexicanos ou italianos ou franceses ou outros quaisquer de outras camisas que queiram
direta e barbaramente chamar atenção não só do Estado, mas e, sobretudo, da
própria Sociedade cobrando a falta pela via do inocentídio (a palavra não existe,
criei face aos acontecimentos: assassinatos sumários de inocentes).
O campeonato ficará ainda mais
violento.
Creio apenas que não foi para este
espetáculo que fomos concebidos, ou então, é falsa nossa naturalidade. É
passada a hora de termos coragem de rever nossos conceitos, nossas crenças, nossos
valores. Não creio que isto se dará coletivamente, creio sim que seja possível
em cada um, começando comigo próprio e contigo se assim o quiser.
No fundo, por tudo isto, temo
especialmente por Noninha, que já começa a aprender e a repetir gestos trazidos
pelos adultos.
Até breve.
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