Esta foto tirada de uma turma do
primeiro ano de uma faculdade nos USA é óbvia e, talvez por isto, me impressionou.
Se eu viver mais dezoito ou vinte
anos e se tudo continuar evoluindo nesta velocidade exponencial eu temo que não
saiba lidar com meus netos. Hitler em 1945 declarou: “Todo homem bem informado é um homem perigoso”.
Eu não serei consultado por eles
para nada. O tempo vivido não terá o menor valor, antes pelo contrário. Não
porque eles saberão tudo ou porque poderão ter acesso a toda e qualquer
informação e instantânea. Não.
Porque provavelmente não haverá
interesse.
Jamais poderei eu acompanhá-los nos
bits e nos bytes. Eles terão inúmeras e variadas respostas para tudo e em
diferentes idiomas e em diferentes estruturas de formulação com imagem, som e
texto ou sabe-se lá o que mais.
Eles saberão tudo. Em todos os
campos do conhecimento, se é que lá no futuro haverá quintais de conhecimento
como agora. Eu suponho que não, na medida em que hoje toda elaboração já é
multi, interdisciplinar e em códigos abertos.
E estarão interessados em quê?
Vou me preparar então para os
melhores vinte anos de minha vida com os meus netos. Vou despertá-los para o
absurdo, para o incerto, para o insano, para o mistério, para o medo, para a
inquietação, para o humano.
Gosto de levar Noninha para ver, na
casa vizinha ao meu prédio, um cachorro. Ele fica solto no amplo quintal da
casa. É um belo e bem tratado animal. E late. E sempre que late Noninha se
assusta. A primeira vez que se deparou com a experiência ela esboçou um
chorinho e eu disse: “É um au au, neném.”
Ela não levou o choro adiante e ficou apenas com expressão grave com seus
olhinhos de jabuticaba abertos e fixos no animal.
Sempre que ela está em nosso
apartamento levo-a para ver o cachorro. Atualmente quando estou aproximando da
casa, com ela no colo, eu já não preciso dizer. Ela procura com o olhar o
animal entre as folhagens que entrelaçam as grades de ferro da frente da casa e
ele sempre aparece e late. Noninha olha para ele e me passa uma sensação de
como se ela dissesse ao cachorro:
- “Eu sei de você”...
Espero que, lá no futuro, eu esteja
preparado para levar meus jovens netos a se assustarem.
Até breve.
Lozinho,
ResponderExcluirlá em casa você conheceu a Suri, nossa "filha" Golden Retriever! Já peguei o Léo por várias vezes hipnotizado, também com seus grandes olhos de jabuticaba, a admirando.
Quando vou ao parque tenho prazer em deixar as crianças passarem a mão nela, em permitir que elas superem o medo de se aproximar de um animal "com dentes enormes". Geralmente os pais proíbem, puxam as crianças, pois eles estão com medo do cachorro. Nestes casos fico com pena, pois a criança foi privada de se assustar, de se admirar com um "mundo" novo!
Acho que a Noninha vai adorar a Suri...
bjs