quinta-feira, 14 de março de 2013

SABER





Esta foto tirada de uma turma do primeiro ano de uma faculdade nos USA é óbvia e, talvez por isto, me impressionou.

Se eu viver mais dezoito ou vinte anos e se tudo continuar evoluindo nesta velocidade exponencial eu temo que não saiba lidar com meus netos. Hitler em 1945 declarou: “Todo homem bem informado é um homem perigoso”.

Eu não serei consultado por eles para nada. O tempo vivido não terá o menor valor, antes pelo contrário. Não porque eles saberão tudo ou porque poderão ter acesso a toda e qualquer informação e instantânea. Não.

Porque provavelmente não haverá interesse.

Jamais poderei eu acompanhá-los nos bits e nos bytes. Eles terão inúmeras e variadas respostas para tudo e em diferentes idiomas e em diferentes estruturas de formulação com imagem, som e texto ou sabe-se lá o que mais.

Eles saberão tudo. Em todos os campos do conhecimento, se é que lá no futuro haverá quintais de conhecimento como agora. Eu suponho que não, na medida em que hoje toda elaboração já é multi, interdisciplinar e em códigos abertos.

E estarão interessados em quê?

Vou me preparar então para os melhores vinte anos de minha vida com os meus netos. Vou despertá-los para o absurdo, para o incerto, para o insano, para o mistério, para o medo, para a inquietação, para o humano.

Gosto de levar Noninha para ver, na casa vizinha ao meu prédio, um cachorro. Ele fica solto no amplo quintal da casa. É um belo e bem tratado animal. E late. E sempre que late Noninha se assusta. A primeira vez que se deparou com a experiência ela esboçou um chorinho e eu disse: “É um au au, neném.” Ela não levou o choro adiante e ficou apenas com expressão grave com seus olhinhos de jabuticaba abertos e fixos no animal.

Sempre que ela está em nosso apartamento levo-a para ver o cachorro. Atualmente quando estou aproximando da casa, com ela no colo, eu já não preciso dizer. Ela procura com o olhar o animal entre as folhagens que entrelaçam as grades de ferro da frente da casa e ele sempre aparece e late. Noninha olha para ele e me passa uma sensação de como se ela dissesse ao cachorro:

- “Eu sei de você”...

Espero que, lá no futuro, eu esteja preparado para levar meus jovens netos a se assustarem.


Até breve.

Um comentário:

  1. Lozinho,
    lá em casa você conheceu a Suri, nossa "filha" Golden Retriever! Já peguei o Léo por várias vezes hipnotizado, também com seus grandes olhos de jabuticaba, a admirando.
    Quando vou ao parque tenho prazer em deixar as crianças passarem a mão nela, em permitir que elas superem o medo de se aproximar de um animal "com dentes enormes". Geralmente os pais proíbem, puxam as crianças, pois eles estão com medo do cachorro. Nestes casos fico com pena, pois a criança foi privada de se assustar, de se admirar com um "mundo" novo!

    Acho que a Noninha vai adorar a Suri...

    bjs

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