Recebi hoje de um executivo participante de um ciclo de palestras que fiz
há alguns anos atrás para uma empresa de energia, o email abaixo:
Boa tarde, Agulhô.
Espero encontrá-lo chupando jabuticabas doces e roendo seus caroços...
Abraços,
Fernando.
O Valioso tempo
dos maduros
Mario de Andrade
“Contei meus anos e descobri que terei menos
tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que
futuro.
Sinto-me como aquele menino que ganhou
uma bacia de jabuticabas.
As primeiras, ele chupou displicente,
mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com
mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde
desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando
destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas
intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem
parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar
melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos
que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
As pessoas não debatem conteúdos,
apenas os rótulos.
Meu tempo tornou-se escasso para
debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero
viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não
se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua
mortalidade...
Só há que caminhar perto de coisas e
pessoas de verdade.
O essencial faz a vida valer a pena.
E, para mim, basta o essencial."
Interessante. Há alguns dias atrás eu passeava com Noninha no meu colo e
cruzamos com uma senhora que nos parou para brincar com minha netinha. Entre
seus comentários um, agora, faz mais sentido:
- “Os olhos dela são lindos...
Parecem duas jabuticabas”...
Pois é.
Até breve.
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