Seguindo.
Acho que já podemos admitir que a
época de mudanças passou. Os últimos quarenta ou cinquenta anos foram palcos de
sucessivas transformações especialmente naquilo que diz respeito à produção e
aos meios de distribuição do conhecimento humano e dos seus efeitos
decorrentes.
UFA!
Foram tempos avassaladores que nos
trouxeram até aqui e, penso, nos colocaram diante de uma mudança de época. Sim,
não estamos mais diante de uma época de mudanças, mas de uma mudança de época.
Quais são os ícones desta época que
abre o Terceiro Milênio? Explicitação, efemeridade, banalidade. Uma levando à
outra. O explícito leva ao efêmero que, por sua vez, torna-se banal.
Tenho para mim, como conceito, que
NOVO é tudo aquilo que não tem passado e NOVIDADE é tudo aquilo que deriva de
algo preexistente.
Nossa época não traz nada de NOVO,
mas uma avalanche de NOVIDADES proliferadas por inúmeros meios caracterizados
pelo acesso, pela portabilidade e pela instantaneidade.
Todos podemos ter agora, neste
instante, qualquer informação disponível em equipamento que pesa algumas
centenas de gramas. Recebi de Lydinha uma coletânea de endereços da web: toda
a obra de Chaplin, 1300 documentários, o primeiro filme, todo o acervo desde
1900 da TV Européia, toda a obra de Fernando Pessoa e de Machado de Assis, 100
clássicos da literatura universal, todas as entrevistas da Paris Review e da
Playboy, todos os textos do Modernismo, 60 obras dos pensadores da educação, a
biblioteca de Julio Cortazar, as 100 obras primas da música clássica, o maior
acervo de MPB, 200 clássicos da música erudita, a maior coleção de fotografias
históricas do mundo, Memorial do Holocausto, as obras completas de Paul Cézanne
de Leonardo da Vinci e 63 mil pinturas de cinco mil artistas, 3 milhões de
pronúncias em 60 idiomas, todo o acervo do Grupo Folha, 144 sites educacionais,
100 alternativas à Wikipédia, os dez melhores começos e finais de livros, os
dez melhores textos de todos os tempos...
UFA!
É claro, se eu ficasse vinte e quatro
horas a disposição para clicar este acervo, o que resta de toda a minha vida
seria tempo insuficiente para acessar a tudo. Ocorre que está ali, disponível.
Não há mistério e se não há
mistério não há reflexão, se não há reflexão não há elaboração e se não há
elaboração não há o NOVO. Nem o pecado é mais original.
Talvez Da Vinci, Picasso, Mirò,
Buñuel, Bergman, Wood Allen, Almodóvar, Kafka, Freud, Marx, João Gilberto,
Presley, Lennon, Caetano e Gil. Se não foram NOVO ficaram muito próximo.
Não há nenhum problema, nem de
natureza moral, no sucedâneo de NOVIDADES. A única questão é que elas veem
carregadas de explicitação. Sempre se aventou sobre a maquinaria dos atos
corruptos em todas as instituições. Da Igreja ao Estado e em todas as demais
privadas.
Nunca foi tão explícito quanto
agora. A manutenção no cargo dos presidentes da Câmara, do Senado e da Comissão
de Direitos Humanos, as alianças com o Diabo da Presidenta e as imagens do
ex-Ministro da Justiça ao lado de seu cliente o criminoso (hoje em liberdade) Cachoeira são
pornografia explícita da pior qualidade.
TRASH!
A entrega do Oscar de melhor filme
pela primeira dama dos USA e o vídeo da Coréia do Norte divulgado ontem são
outros exemplos do horror de nossa época. Explícitos, efêmeros e banais.
Quando eu era menino lutava para
saber onde existiam ou quem tinha revistinha de sacanagem. Sacanagem, para quem
não sabe, é mulher mijar na garagem e dizer que é óleo de embreagem. Alguns
amigos meus às vezes perguntavam: o que é embreagem? Eu os deixava em
mistério.
E Noninha, afinal, não é NOVO? Não,
Noninha é minha melhor NOVIDADE derivada daquilo que me concerne e que relatei
aqui na série SEIVA. Aliás, muitos dos que colocam os olhos nela dizem:
- É sua cara, Agulhô!
Isto todo dia me torna quase NOVO.
Até breve.
O texto eu num sei,mas a foto tá linda!
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