Mateo completa hoje o seu primeiro
mês de vida.
No alto de seus cinquenta e cinco
centímetros de altura e quatro quilos de peso, ele vem nos incitando a
reflexões.
Mateo não veio de normal. Ele não
fez dilatações. Como se quisesse dizer: “Se
me querem mesmo venham me buscar aqui”, ele veio de cesariana. E quando
chegou mostrou no teste do pezinho que caminharia por caminhos outros.
Lembro que “cesariana” vem do grego
que resultou em português no verbo cortar.
Mateo convida a cuidados maiores e
atenção do distinto. Ele veio com um dispositivo que aponta quão frágeis todos
nós somos. Ilusão daquele que, não tendo as características genéticas do guri,
está pleno. Mateo não. Saberá desde sempre que corre riscos importantes se
ingerir algo que não lhe faça bem.
Nós outros não temos esse
privilégio.
Somos tão ciosos de nossa normalidade
que, a todo o momento, experimentamos e de todo tipo de alimentos sejam eles
materiais, espirituais ou de conduta. Espelhamos-nos na prática daquilo que se
convenciona como o hábito, a conveniência e o costume da grande maioria. Pierre
Cardin disse certa vez que o que move o mundo é a moda e a fome.
Mateo corta, pelo menos no âmbito
de sua família.
Não se trata agora de pensar apenas
na nutrição, seus paladares ou constituição energética. Poderíamos ir um pouco
mais além da saúde corporal daqueles que nos vierem. Serve para Noninha. Serve
para Catarina. Serve para Léo. Serve para todos sobre os quais depositarmos a
nossa corresponsabilidade.
É passada a hora de nos ocuparmos
com o que verdadeiramente importa. Camila e Leandro devem redobrar ainda mais
sua dedicação e afeto, o que é sempre salutar. Nós os próximos, temos a
extraordinária oportunidade de cuidar ainda melhor de cada um de nós e, por
extensão, dos nossos outros.
Penso que não devamos apontar a
diferença a partir daquilo que não é necessariamente um paradigma da boa saúde.
Temos a nossa frente a extraordinária oportunidade de todos os demais que nos
vierem e, insisto, não os quero poucos, receberem de nós mais ainda do que
sempre havíamos imaginado. Zelo, carinho, atenção, afeto e uma grande dose de
esperança de que cada um deles possa encontrar-se e ser, fundamentalmente,
feliz.
Quando apelidei Mateo o fiz com
intenções sanguíneas. Noninha é minha netinha numa linha direta de parentesco. Desejei
sinalizar o quão espero que ela seja bem cuidada e depositei nele uma grande
responsabilidade. Na linha da avó materna ele é o primeiro primo e, como tal, deve
ser o seu primeiro guardião da nossa tropa de elite.
Muitas felicidades, Zeroum. Muitos
anos de vida.
Até breve.
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