segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

UM



Mateo completa hoje o seu primeiro mês de vida.

No alto de seus cinquenta e cinco centímetros de altura e quatro quilos de peso, ele vem nos incitando a reflexões.

Mateo não veio de normal. Ele não fez dilatações. Como se quisesse dizer: “Se me querem mesmo venham me buscar aqui”, ele veio de cesariana. E quando chegou mostrou no teste do pezinho que caminharia por caminhos outros.

Lembro que “cesariana” vem do grego que resultou em português no verbo cortar.

Mateo convida a cuidados maiores e atenção do distinto. Ele veio com um dispositivo que aponta quão frágeis todos nós somos. Ilusão daquele que, não tendo as características genéticas do guri, está pleno. Mateo não. Saberá desde sempre que corre riscos importantes se ingerir algo que não lhe faça bem.

Nós outros não temos esse privilégio. 

Somos tão ciosos de nossa normalidade que, a todo o momento, experimentamos e de todo tipo de alimentos sejam eles materiais, espirituais ou de conduta. Espelhamos-nos na prática daquilo que se convenciona como o hábito, a conveniência e o costume da grande maioria. Pierre Cardin disse certa vez que o que move o mundo é a moda e a fome.

Mateo corta, pelo menos no âmbito de sua família.


Não se trata agora de pensar apenas na nutrição, seus paladares ou constituição energética. Poderíamos ir um pouco mais além da saúde corporal daqueles que nos vierem. Serve para Noninha. Serve para Catarina. Serve para Léo. Serve para todos sobre os quais depositarmos a nossa corresponsabilidade.

É passada a hora de nos ocuparmos com o que verdadeiramente importa. Camila e Leandro devem redobrar ainda mais sua dedicação e afeto, o que é sempre salutar. Nós os próximos, temos a extraordinária oportunidade de cuidar ainda melhor de cada um de nós e, por extensão, dos nossos outros.

Penso que não devamos apontar a diferença a partir daquilo que não é necessariamente um paradigma da boa saúde. Temos a nossa frente a extraordinária oportunidade de todos os demais que nos vierem e, insisto, não os quero poucos, receberem de nós mais ainda do que sempre havíamos imaginado. Zelo, carinho, atenção, afeto e uma grande dose de esperança de que cada um deles possa encontrar-se e ser, fundamentalmente, feliz.

Quando apelidei Mateo o fiz com intenções sanguíneas. Noninha é minha netinha numa linha direta de parentesco. Desejei sinalizar o quão espero que ela seja bem cuidada e depositei nele uma grande responsabilidade. Na linha da avó materna ele é o primeiro primo e, como tal, deve ser o seu primeiro guardião da nossa tropa de elite.

Muitas felicidades, Zeroum. Muitos anos de vida.


Até breve.

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