segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

LENTE



Vamos lentamente aquecendo as agendas, voltando aos cotidianos que chamo operacionais da vida. Sim, porque para mim a vida pode ser classificada em duas perspectivas: a objetiva e a existencial.

A objetiva diz respeito aos fatos e dados e a existencial às dúvidas.

Até a idade madura, tipo a minha, concentramos nossa tensão (para não dizer tesão) nas questões objetivas, relacionadas quase sempre ao edificar. Patrimônio social, nossa rede de amigos; patrimônio profissional, nossa carreira; patrimônio econômico-financeiro, carro, casa, poupança e patrimônio familiar, nosso parceiro e nossos filhos.

Edificadas, as questões objetivas entram em processo de estabilização, não que percam importância e atenção, mas, pelo menos no meu caso, não são aquelas nas quais tenho focado minhas energias. Meus filhos já são donos do nariz e complementos; amigos, tenho muitos e são de tempos remotos; parceira, cada dia fica mais claro que estou em uma aliança indissolúvel, mesmo que eu supite.

Vejam, por exemplo, Claudinho e Valesca: bem colocados profissionalmente, curtinho a maravilha que é a Noninha e agora, acabaram de adquirir um apartamento para o qual mudarão até o final do mês. Observo-os com atenção, nesta fase de preparação do novo apê para que o mesmo ganhe a “nossa cara”. Eles chamaram arquiteta para orientá-los em algumas eventuais modificações, uma em especial.

Trata-se da expansão da suíte do casal que fica defronte para a rua. A idéia é de que demoliriam parte da parede, retirariam porta de correr, colocariam cortina de vidro na atual varanda, escritório ali, outras coisas acolá, enfim. Existem algumas restrições estruturais, de mudança de fachada e naturalmente de grana.

Chamo isto, portanto, de operar a vida. E acho legal a pampa. Fiquei mil dias construindo a nossa casa em Santa Luzia. Inúmeras vezes fiz reformas em nossas moradas, comprei dezenas de automóveis e outros trens, fiz a beça.

As questões objetivas são cruciais para que, na idade madura, as existenciais floresçam com maiores possibilidades e extensão. E são com elas que me ocupo agora, principalmente. 

No último final de semana pinçamos, aleatoriamente, na TV paga três filmes que assistimos com atenção: “Exílio”, “Impardonables” e “Avé”. Produções européias com diferentes temas e narrativas.

Temos observado uma questão recorrente à maioria dos filmes europeus que temos assistido: a decadência do continente e o impacto sobre os jovens e relacionamentos de maneira geral. Os três filmes citados acima denunciam de forma dramática a desesperança da juventude, a perda dos vínculos familiares, o empobrecimento inclusive da cultura, a perda do sentido da vida.

Aqui entra, para mim, a outra dimensão da vida: a da dúvida, imperativamente, existencial. Lidar com a contundência do que tem sido trazido recentemente por diferentes diretores europeus, tem sido extremamente rico para a reflexão.

Ninguém pode ficar ileso se assistir à Avé, especialmente. Ele vai ao ar, hoje, no MaxPrime, às 20:20 horas. Mexe com estrutura e fachada.


Até breve.

Para ilustrar leiam: FRANÇA

2 comentários:

  1. Ei vc! Tudo bem por aí? Chegamos do Rio e tb vimos vários filmes por lá, mas o melhor de todos, vimos aqui em BH, em 3D, no Pátio Savassi, que tb mexe com ESTRUTURA e FACHADA... Não perca "As Aventuras de Pi"! E depois comente!
    Bjs
    Lydia

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