quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

KISS




Há no rol de posts aqui publicados um que eu tenho especial atenção. BANAL, um dos textos mais acessados do blog procura tratar de uma das facetas mais lamentáveis da tragédia urbana brasileira: o tráfico de drogas e seu efeito em ceifar a vida de milhares de jovens na faixa de 12 a 22 anos de idade.

Incorporada à paisagem a perda de vidas humanas tornou-se fato corriqueiro e banal com a agravante de que, matéria cativa dos jornais televisivos diários, já nem nos escandaliza e nem nos sensibiliza.

Somadas a tantas outras tragédias, igualmente corriqueiras e expressivas, atentados, guerras de orientes perdidos há milênios, desabamentos, estradas assassinas, enchentes e outras mazelas, vamos caminhando, os mais sensíveis e observadores, com um profundo desalento e desesperança.

Em 1865 o planeta contava com pouco mais de 1 bilhão de habitantes. No início da segunda década do terceiro milênio, estamos com mais de 7 bilhões. Naquela data o presidente Abraham Lincoln foi assassinado e a notícia demorou treze dias para chegar e repercutir na Europa.

A expansão demográfica, por si só avassaladora, trouxe com ela a agravante de que se deu via concentração nas cidades. Estamos empilhados uns sobre os outros, vivendo pisoteando nossos fazeres em prol de uma sobrevivência cada vez mais endêmica e sem sentido.

Notícia de ontem nos jornais dá conta da poluição em Pequim, China, e a forma que também lá encontramos para lidar com o fato. Estão vendendo latinhas vazias pelo o equivalente a R$1,50. É, dizem, uma brincadeira para vender ar.

Quero, portanto, pensar na extensão do que estamos vivendo em escala global. Não fomos capazes de construir uma perspectiva promissora. A equação crescimento com desenvolvimento não foi estruturada adequadamente e não há nenhum sinal de que possa se reverter os desígnios que nosso equívoco encerra.

A Urbe faliu.

As benesses e vantagens de residir próximo de todas as facilidades, consumindo necessidades e frivolidades via produção industrial em massa, nos colocou em um espaço imensamente restrito que nos sufoca e deprime.

Não nos será possível viver em êxtase e alegria, lançando fogos de artifícios sob nosso baixo teto, cantando nossos funks, beijando nossas meninas, sendo ridiculamente felizes porque um futuro promissor nos aguarda. A saída é única e estreita e, cada vez mais, passaremos menos através dela.

Tragédia mais do que simbólica esta da boate. Vamos todos para as ruas estampando as fotos de centenas de jovens no florar de suas vidas, vamos verter todas as nossas lágrimas porque é sim de uma tristeza profunda, vamos nos humanizar pela via da dor. Vamos pedir por justiça e caçar os responsáveis e colocá-los na cadeia.

Vamos encher nossa latinha de ar. Afinal a vida pode ser importada da China e está custando a bagatela de R$1,50.

Banal.


Até breve.

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