Há no rol de posts aqui publicados
um que eu tenho especial atenção. BANAL, um dos textos mais acessados do blog
procura tratar de uma das facetas mais lamentáveis da tragédia urbana
brasileira: o tráfico de drogas e seu efeito em ceifar a vida de milhares de
jovens na faixa de 12 a 22 anos de idade.
Incorporada à paisagem a perda de
vidas humanas tornou-se fato corriqueiro e banal com a agravante de que,
matéria cativa dos jornais televisivos diários, já nem nos escandaliza e nem
nos sensibiliza.
Somadas a tantas outras tragédias,
igualmente corriqueiras e expressivas, atentados, guerras de orientes perdidos
há milênios, desabamentos, estradas assassinas, enchentes e outras mazelas,
vamos caminhando, os mais sensíveis e observadores, com um profundo desalento e
desesperança.
Em 1865 o planeta contava com pouco
mais de 1 bilhão de habitantes. No início da segunda década do terceiro
milênio, estamos com mais de 7 bilhões. Naquela data o presidente Abraham
Lincoln foi assassinado e a notícia demorou treze dias para chegar e repercutir
na Europa.
A expansão demográfica, por si só
avassaladora, trouxe com ela a agravante de que se deu via concentração nas
cidades. Estamos empilhados uns sobre os outros, vivendo pisoteando nossos fazeres
em prol de uma sobrevivência cada vez mais endêmica e sem sentido.
Notícia de ontem nos jornais dá
conta da poluição em Pequim, China, e a forma que também lá encontramos para
lidar com o fato. Estão vendendo latinhas vazias pelo o equivalente a R$1,50.
É, dizem, uma brincadeira para vender ar.
Quero, portanto, pensar na extensão
do que estamos vivendo em escala global. Não fomos capazes de construir uma
perspectiva promissora. A equação crescimento com desenvolvimento não foi
estruturada adequadamente e não há nenhum sinal de que possa se reverter os desígnios
que nosso equívoco encerra.
A Urbe faliu.
As benesses e vantagens de residir
próximo de todas as facilidades, consumindo necessidades e frivolidades via produção
industrial em massa, nos colocou em um espaço imensamente restrito que nos
sufoca e deprime.
Não nos será possível viver em êxtase
e alegria, lançando fogos de artifícios sob nosso baixo teto, cantando nossos
funks, beijando nossas meninas, sendo ridiculamente felizes porque um futuro
promissor nos aguarda. A saída é única e estreita e, cada vez mais, passaremos
menos através dela.
Tragédia mais do que simbólica esta
da boate. Vamos todos para as ruas estampando as fotos de centenas de jovens no
florar de suas vidas, vamos verter todas as nossas lágrimas porque é sim de uma
tristeza profunda, vamos nos humanizar pela via da dor. Vamos pedir por justiça
e caçar os responsáveis e colocá-los na cadeia.
Vamos encher nossa latinha de ar.
Afinal a vida pode ser importada da China e está custando a bagatela de R$1,50.
Banal.
Até breve.
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