Passadas as turbulências
patrocinadas pela tradição, ajustados os ossos retorcidos pelos abraços,
equilibrados os açúcares e tais em fígados, rins e estômagos, as retinas e os
corações, estamos a passos ainda lentos entrando na contagem de um novo tempo.
Um novo tempo?
Sim, um novo tempo. Daqui a pouco
nasce Mateo, da Camileta. Piti, diz que se João comparecer, dispõe. Fá deve de
chegar junto. Tem da Lola também, Catarina para abril. Bê e Carina só lá pros
2015 ou 2016. Isso só de perto daqui da gente. Fora os deles achegados, que não
são poucos, e proliferam.
De tudo eu vou avisando, e sei que
já cometo erro grave: Noninha continuará reinando, mesmo em sua casa, já que Pretinha e Claudinho estão forjando novidade breve.
Claro que vou amar a todos os
demais e também não será pouco, mas é que nesse momento toda vez que olho para
Liz acho-a única e definitiva. Ontem mesmo, quando eu a levava passear no
carrinho, ela me fitava pela abertura superior do guarda-sol coberta por um
plástico transparente e, a todo o momento, deixava escorrer um sorriso maroto
pelos cantos da boca.
Eu adoro o meu novo tempo. Ela, ao
me ver, estando onde estiver e no colo de quaisquer, sem me fitar diretamente,
apenas correndo os olhos sobre os meus, deixa escapar um sorrisinho breve,
intenso que se esvai de lado, assim.
Fez cento e cinqüenta no dia
primeiro do ano que Liz está conosco em toda. E a cada visita ela dá sinais de
mudança. Agora ela lembra mais Pretinha sem ter perdido alguns traços de
Claudinho.
Noninha fecha o tempo passado
recente e abre um tempo futuro, me enche de esperança e eu quero muito
transferir este astral para a vida no cotidiano. Não nutro grandes expectativas,
pois não há evidências objetivas de que o curso dos acontecimentos, nos
diversos campos em que se debruça o olhar, vai sofrer alterações importantes.
A governança, como elemento
condutor das transformações sociais, não se mostra capaz de empreender, na
dimensão que se faz necessária, a ação. Não há recurso em conta para suprir os
investimentos demandados especialmente na infraestrutura e em áreas cruciais
como segurança e saúde.
A educação, como fator determinante
para a alvorada do novo tempo, continua com os mesmos contornos estruturais
formando mestres reprodutores de um conhecimento defasado no tempo, impróprio à
demanda real e com métodos que não estimulam o interesse ao saber e ao
transformar.
Assim, não gosto do que observo e
nem vislumbro lideranças capazes de conduzir ações que possam efetivamente
desencadear novos paradigmas iluminadores.
No entanto, no micro, na
perspectiva individual e egóica, sou obrigado a agradecer todos os dias. O novo
tempo abre, sempre que me vê, um sorrisinho maroto que se esvai pelo cantinho
da boca.
Assim.
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