Tem uma história (ou será estória?)
que eu reluto em trazer a post. É que hoje em dia há muita realidade que mais
se parece com invencionices e, estas, que ficam mais crédulas do que outras que
nos prenham todos os dias.
Só pode ser pura invencionice que
deputado julgado e condenado tomou posse, que estão ocorrendo enchentes no Rio
de Janeiro e que comerciante que matou a facadas um jovem de 22 anos disse que
ele “queria dar só uns furinhos no rapaz”.
Andam dizendo por ai, também, que a Venezuela será governada por um espírito.
Tudo obra de jornalistas ávidos
pelo sinistro e por donos de mídias interessados em amealhar resultados
financeiros. E eles nem percebem que ninguém acredita e nem se interessa mais por
suas pautas.
Então vou contar uma história real,
dessas que ficam para dar de educar. Eu morava ainda no bairro de Santa Teresa,
portanto era bem jovem. Na verdade pura eu tinha de dez para onze anos.
Na época tinha um candidato a
prefeito de BH que, entre suas promessas de campanha, incluía sempre que, uma
vez eleito, ele colocaria um navio na Pampulha para que pessoas pudessem cruzar
de uma margem à outra da lagoa. Ele nunca venceu eleições, embora tentasse
sempre, e nós ficamos na ilusão definitiva de que um dia pudéssemos navegar
embarcados em um transatlântico sobre as águas da capital de Minas.
O fato afinal que eu quero mesmo
relatar diz respeito a outro real. Naquela época também, os jornais nos davam
conta de que não havia Congresso, que algumas coisas não podiam ser ditas e que
todos nós devíamos amar o país ou deixá-lo de vez. Alguns de nossos mais
brilhantes intelectuais e artistas foram “deixados” fora do país. Inventaram que era perigoso
para eles manterem-se aqui.
Só mais tarde, ali perto dos vinte
anos, que eu vim a compreender que era tudo pura mentira, que tudo aquilo não
passava de imprensa marrom, coisa de despeitados. Aí fiquei mais tranqüilo:
éramos 90 milhões prá frente em ação.
Foi uma história para ter final
feliz, mas inventaram de novo que morreu muita gente, alguns ficaram
desaparecidos até hoje e outros se tornaram apenas descrentes. Tem uns trinta
anos que nos acenaram com a liberdade e, há quase vinte, com uma nova
realidade.
Entramos no Real.
Minha história, de novo, ficou
perdida lá atrás. No fundo tenho até vergonha de contá-la. Ficará muito difícil
alguém acreditar nela e me doerá muito alguém considerá-la invencionice.
Prefiro guardá-la para um último
post, quem sabe, quando a minha vida estiver sendo governada por um espírito.
Até breve.
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