terça-feira, 8 de janeiro de 2013

AUTOR



Acho que já posso fazer uma revelação importante.

Estes trezentos e trinta e poucos posts aqui publicados não são de minha autoria. Minha atividade laboral não se coaduna com a boa maioria de temas tratados neste blog. Salvo referências e fotos de minha netinha, tudo o mais são apropriações indébitas de intelectuais ou pseudo-intelectuais que, por sem ter o que fazer, produzem especulações aleatórias sobre um tudo.

Esta situação a qual eu me vejo envolvido assemelha-se, para não dizer que é idêntica, a de ilustres como Arnaldo Jabor, Luís Fernando Veríssimo e agora, mais recentemente, a diva Fernanda Montenegro.

Atribuem a ela um texto, acompanhado de foto e depoimento referente ao seu casamento, cujo teor dá conta de um manual de como as mulheres devem fazer para manter os seus machos, espécime escassa no mercado atual.

Pois é, aí surgiu uma polêmica danada em relação ao fato, trazida por comentaristas que posicionaram ou a favor do texto, ou a favor da idéia de que não tem a menor importância se foi Fernanda ou não que escreveu, ou achando um absurdo achar que não tem a menor importância quem escreveu o texto. Enfim, afinal o que interessa mesmo?

Vivemos uma época hiper interessante. A profusão de matéria na web rompe com toda a lógica então vigente, eu prefiro dizer que pirou geral. E eu reconheço que tenho me empenhado em dar minha modesta contribuição para a despirocada.

Querem ver?

Copiaram um dos textos aqui publicados, traduziram em vários idiomas, e lançaram na web sob a autoria de um tal de Kenneth Walker, neozelandês que vive hoje de pequenos bicos nas ruas de Sofia, Bulgária.

Claro, ninguém leu, até porque, claro de novo, é pura invencionice minha. O que quero considerar, no entanto, é que reside aqui o novo. A web não tem escrúpulos, filtro, dogmas, padrões. É código aberto e a propriedade intelectual foi pro saco o que, em minha opinião, é ótimo.

A arte precisa manter-se, para ser digna e pura, na marginalidade e não pode ser vendida embalada como bem de consumo e nem gerar notoriedade ou holofote a quem a produz a seco.

A arte é Bem Popular e como tal deve ser sorvida, adulterada, roubada, vilipendiada, copiada, sempre e quando levar àquele que toma contato com ela a momentos de intensa e incomparável humanidade.

Viverei momentos de glória quanto um rato virtual amealhar meu nome, produzir algo de seu, para dar a conhecer algo que a alguém possa interessar. Ou mesmo apoderar-se de um de meus textos e alcançar um número maior de leitores. Sei do risco que corro, do tipo atribuírem a mim a publicação de algo perverso. Não é esse o perigo maior, pois tenho elementos como me defender.

Perigo maior é o de não termos tantos artistas ilustres que ao povo interesse, essa meia dúzia de iluminados, capazes de dar nomes a obras alheias.

Perigo é quando não tivermos mais Fernanda(s), Jabor(s), Veríssimo(s) e alguns outros para assinarem textos.

Aí sim, será triste. Restará-nos a polêmica medíocre.


Até breve.

Nenhum comentário:

Postar um comentário