quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

KISS




Há no rol de posts aqui publicados um que eu tenho especial atenção. BANAL, um dos textos mais acessados do blog procura tratar de uma das facetas mais lamentáveis da tragédia urbana brasileira: o tráfico de drogas e seu efeito em ceifar a vida de milhares de jovens na faixa de 12 a 22 anos de idade.

Incorporada à paisagem a perda de vidas humanas tornou-se fato corriqueiro e banal com a agravante de que, matéria cativa dos jornais televisivos diários, já nem nos escandaliza e nem nos sensibiliza.

Somadas a tantas outras tragédias, igualmente corriqueiras e expressivas, atentados, guerras de orientes perdidos há milênios, desabamentos, estradas assassinas, enchentes e outras mazelas, vamos caminhando, os mais sensíveis e observadores, com um profundo desalento e desesperança.

Em 1865 o planeta contava com pouco mais de 1 bilhão de habitantes. No início da segunda década do terceiro milênio, estamos com mais de 7 bilhões. Naquela data o presidente Abraham Lincoln foi assassinado e a notícia demorou treze dias para chegar e repercutir na Europa.

A expansão demográfica, por si só avassaladora, trouxe com ela a agravante de que se deu via concentração nas cidades. Estamos empilhados uns sobre os outros, vivendo pisoteando nossos fazeres em prol de uma sobrevivência cada vez mais endêmica e sem sentido.

Notícia de ontem nos jornais dá conta da poluição em Pequim, China, e a forma que também lá encontramos para lidar com o fato. Estão vendendo latinhas vazias pelo o equivalente a R$1,50. É, dizem, uma brincadeira para vender ar.

Quero, portanto, pensar na extensão do que estamos vivendo em escala global. Não fomos capazes de construir uma perspectiva promissora. A equação crescimento com desenvolvimento não foi estruturada adequadamente e não há nenhum sinal de que possa se reverter os desígnios que nosso equívoco encerra.

A Urbe faliu.

As benesses e vantagens de residir próximo de todas as facilidades, consumindo necessidades e frivolidades via produção industrial em massa, nos colocou em um espaço imensamente restrito que nos sufoca e deprime.

Não nos será possível viver em êxtase e alegria, lançando fogos de artifícios sob nosso baixo teto, cantando nossos funks, beijando nossas meninas, sendo ridiculamente felizes porque um futuro promissor nos aguarda. A saída é única e estreita e, cada vez mais, passaremos menos através dela.

Tragédia mais do que simbólica esta da boate. Vamos todos para as ruas estampando as fotos de centenas de jovens no florar de suas vidas, vamos verter todas as nossas lágrimas porque é sim de uma tristeza profunda, vamos nos humanizar pela via da dor. Vamos pedir por justiça e caçar os responsáveis e colocá-los na cadeia.

Vamos encher nossa latinha de ar. Afinal a vida pode ser importada da China e está custando a bagatela de R$1,50.

Banal.


Até breve.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

PELÍCULA




Pai, vamos falar sério”...

Esta frase inicia um dos diálogos entre a filha e o pai a respeito da enfermidade da mãe, no filme Amour (Amor) do cineasta austríaco Michael Haneke. Candidato ao melhor estrangeiro no Oscar deste ano, o filme é uma produção franco-alemã-austríaca e tem, como atores, os franceses Jean Louis Trintignant e Emmanuelle Riva, ela candidata a melhor atriz. Estrela no papel de filha do casal a também francesa Isabelle Huppert.

Nós não podemos deixá-la aqui assim... Deve existir algo que possa ser feito”...

Em 1966, Claude Lelouch, cineasta francês filmou Um Homem e uma Mulher, que tem o mesmo Trintignant contracenando com Anouk Aimée, ambos viúvos e reconstruindo a vida afetiva. Em 1986, Lelouch filmou Um Homem e uma mulher – Vinte anos depois, com os mesmos atores, passados vinte anos após a separação dos mesmos.

Permito-me interpretar que, quase trinta anos depois, Haneke em Amour, ao convidar o agora octogenário ator, nos provoca a uma continuidade. Quem sabe ao convidar Riva não nos instiga também a Hiroshima, meu amor?

Pois é.

Há uma cena em Amour em que Anne (Riva) pede ao marido Georges (Trintignant) que ele pegue para ela os álbuns de fotos da família. Eles estão lanchando na cozinha e ela coloca sobre a mesa, os quatro álbuns trazidos pelo marido; escolhe um deles, afasta para um canto os demais e lentamente folheia as páginas de fotos.

- “A vida... A longa vida”...

Como lidar com o inexorável fim? Como viver a decrepitude do outro com quem se viveu a longa vida? Como suportar a filha dizer que, quando criança, ouvia os gemidos dos pais se fartando de prazer? Como administrar com dignidade o ocaso de tudo, absolutamente?

Em outra cena, Georges coloca um CD de um dos alunos de Anne, que se tornou artista internacionalmente célebre. Ela ouve por poucos segundos e pede para que Georges desligue o equipamento de som. O que vale? Tudo cessa!

Em Um Homem e uma Mulher – Vinte anos depois, o personagem de Trintignant continua pilotando profissionalmente em corridas de automóveis, enquanto Anne (Anouk Aimèe) tornou-se uma renomada diretora de cinema, às voltas com um fracasso. E é exatamente em busca de um sucesso para mudar sua carreira que Anne volta a procurar seu amado de duas décadas atrás, já que pretende fazer um filme inspirado na história que viveram.

Haneke nos brinda pela arte com uma profunda reflexão. A vida é rodada para um epílogo em que nada mais importa, faz sentido, interessa, é possível. Nem mesmo o isolamento do cheiro que nos resta deixará de evidenciar o real.

A seriedade está em que nada poderá ser feito.

Nada.



Até breve.

sábado, 26 de janeiro de 2013




Clara, também, completou sessenta anos no último dia vinte. Fomos a uma pizzaria ontem para recomemorar.

À mesa piadas, causos, trocas de confidências em conversas paralelas, atualidades, projetos e viagens.

Percorrendo a intimidade do grupo o tema: está a cada dia mais próximo  o inexorável. Alguém comentou do impacto que sentiu ao assistir ao filme Amour, que deixa mudos os espectadores ao saírem do cinema.

Fiquei sabendo também que o Detran entrega uma placa que faculta a sexagenários estacionamento privativo (assim como para portadores de necessidades especiais).

Outro me diz que comprará um apartamento para garantir tempos vindouros. Outra que está pensando em chutar o balde e contratar uma viagem com a Fredtour e pagar seiscentos euros por diária em hotel para lordes.

Alguém recém chegado dos USA trouxe o IPadinho e o IPhone V. Absorto ao longo de toda a pizza, entregue a descobertas de todos os coloridos e instantaneidades. Apresentou-me, e eu dowlei, o Bump. Vem a ser um dispositivo que a partir de um “esbarrão” em outro aparelho se estabelece conectividade. Isto tornará o futuro melhor. A tecnologia não suprimirá de todo o contato entre as pessoas, manterá esbarrões, ainda que breves.

Em viagem à São Paulo uma amiga integrante do grupo nos passa, via WhatsApp, uma preocupação: “Pergunte aí à turma se alguém sabe como em posso espermabilizar minha cobertura. É que ela está cheia de humildade.”

Outra completa com cantadas de pedreiros: “Garota, você precisa de shampoo? Euserve?”

Uma loura, dona do estacionamento pergunta a um cliente: O senhor quer que eu vá buscar o seu carro? Sim, responde o cliente. Qual é o carro do senhor? Pergunta a loura. Um Celta preto, responde o cliente. É parece que sim, vai chover. Arremata a loura.

Algumas fotos, brindes e gargalhadas depois nos despedimos intensos como se fosse esta a última vez. “Vamos nos reunir pelo menos a cada quinze dias?”

Espero que por muitos anos ainda. Com todos.


Até breve.




sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

ZEROUM




Acabei de chegar de onde eu não sei bem. Demorei um pouco, mas já tô na área. Coração curintiano e alma atleticana.

Vim prá trazer alegria, muita prá todos que são próximos.

Já sei que tenho uma incumbência do tio da mamãe, padrinho dela, que eu vou ter que chamar de vovô também, prá ficar bem na fita.

Corujar minha prima, onde ela estiver. Marcação cerrada e constante.

Aí, eventuais, só prá ter a dimensão de como eu vim: cinquenta centímetros de extensão e três quilos, trezentas e quinze gramas de músculos bem distribuídos.

É bom não encarar.

Liz, qualquer coisa, já sabe.

Tô aí e disposto.  

É só me acionar.

Prá quem ainda não sabe: meu nome é Mateo.

É só, pruagora... 

Fui.



Até breve.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

TRINTAECINCO


Não é justo que eu privilegie Noninha, apenas. Nem é de todo verdadeiro. A vida nos proporcionou imensas alegrias. Tá bom que Noninha foi uma das mais expressivas. E que se renova todos os dias.

Há exatos trinta e cinco anos atrás, por volta das dez horas da noite nós fomos agraciados pela chegada de Vladimir. Eu estava com vinte e cinco e ELA com vinte e um. Já disse aqui em SEIVA VI que foi um susto.

Tem uma história aí de que pai, para preservar a autoridade, não pode ser amigo de filho. Eu tornei-me amigo de meu filho mais velho exatamente por isto. Eu nunca tive que usar desta prerrogativa para contribuir em sua educação. Vladimir sempre me poupou do uso do poder paterno em suas escolhas.

Não me recordo de nenhuma reprimenda mais expressiva, exceto talvez quando ele entrou para o sexto ano de faculdade e eu lhe disse que era o último que eu bancava. Mão-de-vaca, ele tratou de fazer as onze disciplinas pendentes e dar cabo da academia.

Para quem acompanha o blog, desde o início, sabe que a ideia da coisa foi dele e foi ele, também, quem arquitetou e colocou o dasletra no ar.

Hoje ele está entre os meus dois ou três incentivadores. De quando em vez ele me diz: “Pai, este post de hoje ficou melhorzinho. É um dos menos fracos. Continue. Uma hora você acerta. Dizem que quem escreve muito uma hora escreve algo que valha o esforço”.

Ele é assim.

Hoje eu queria ter escrito o post mais melhorzinho de todos. Ou pelo menos, o menos fraco.

Até breve. 

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

VOLTA



Muito bem, estamos aí travez.

O que há prá se ver, além de Noninha? Portanto, menos do que o que verdadeiramente importa. Ela agora deu para ficar séria e com maior interesse em olhar ao redor do que as gracinhas do avô. Opta pelo que lhe desperta maior atenção e procura aquilo que ela quer. Quando ela está no meu colo e a mãe lhe chama para o seu ela já debruça em direção à Pretinha. Enfim, era de se esperar.

Fora Noninha, surgem:

Posse de Obama, prometendo a paz entre os povos; suspensão do início das obras, previsto para março, na rodovia da morte (BR-381) por força de irregularidades no processo licitatório; atentados Malí e acolá; chacinas locais, deslizamentos de terra e outros transtornos urbanos. Tramas políticas espúrias.

Enfim, normalidades.

Agora, de novo mesmo, só a informação que me foi passada por LYD ainda em Ajuda referente às características dos nascidos sob o signo de Peixes. Se eu soubesse disso antes, provavelmente eu não teria escrito alguns dos posts anteriores nos quais, erudito esnobe, defendo a tese de que a vida deva ser olhada sob duas perspectivas: a objetiva e a existencial.

É que o signo de Peixes, representado pela figura de dois espécimes da piscicultura, quer sinalizar a existência do conflito permanente entre a perspectiva da arte e a do materialismo travado pelos nativos naquela configuração astral.

Se eu soubesse disso não teria sofrido tanto nos últimos sessenta anos. Tem hora que eu estou focado em produzir delírios abobrísticos e tem hora que eu estou correndo atrás de amealhar riquezas mundanas. Tem hora que eu to querendo chutar o pau, a barraca e o camping e tem hora que eu tô engajado em projetos extremamente rentáveis financeiramente.

Blog não me dá um tostão, apenas orgasmos múltiplos. Conselho Organizacional me dá mais de tostão, condições materiais interessantes que me permitem transitar nas esferas do consumo.

Enfim, esta inhaca.

Diante disto estou para tomar uma decisão. Vou matar um dos peixes da figura e seguir um caminho, eliminando de vez o conflito. A questão agora é: qual deles? Quem vai pagar minhas contas se eu bater só de blog? O que vai elevar o meu espírito se eu viver só correndo atrás do vil metal e seus derivativos?

LYD disse também que o melhor signo do zodíaco é libra. Para quem não sabe, ELA é de libra. O signo do equilíbrio. Talvez tenha sido por isto que eu acabei optando por seguir viagem.

Noninha é de leão. Vai as últimas para conseguir o que quer.

Expliquei.


Até breve.

domingo, 20 de janeiro de 2013

TRANS



Juan examinava com carinho os presentes que ganhou de RIJ, quando ela aproximou-se dele e perguntou:

- Gostou dos presentes que eu trouxe para você, Juan?
- Eu queria mesmo era uma vermuda.

Ele e tudo de bom da Fazenda Santo Antônio deixamos para trás. Os cafés da manhã, almoços e jantares, marcados pela abundância e simplicidade. O verde que só se acaba quando encontra com o azul, ou o cinza denso que contém a chuva. A cachoeira, o oxigênio. O tempo e o silêncio. A imagem de Ailton, nos fins de tarde, sentado com seu filho, neto e sobrinhos em um banco à frente do almoxarifado, proseando.

Quando entramos em Ajuda o alarido do Arraial, em alta estação, reforçou a nitidez da diferença entre campo e cidade. Tudo agora soa estranho, como se envolto em manta de superficialidade e demandas supérfluas.

Enfim, o sentido primitivo de subsistência em contraste com o contemporâneo modelo de ocupação da vida. As pessoas vagabudeiam pelas ruas, gastando o descanso anual, entregando-se ao ócio, ao intervalo para o ano que se inicia.

Por outro lado, encontrar WCA, ANA e LYD e junto com PER e RIJ compor momentos de raro prazer. É que estas pessoas têm sido para nós um território de catarse, reflexão, memória e bálsamo.

Ontem estávamos os sete na tarefa lúdica de preparar o almoço. Enquanto os ingredientes eram escolhidos, panelas a postos, cilindro para dar forma à massa e extrair da conjugação disto tudo o alimento final, nos fazíamos à luz de uma ciranda de lembranças, comentários, velhacas intrigas, humanidades.

O riso e as gargalhadas ao largo das piadas várias que vão surgindo, as gentilezas recíprocas e, de quando em vez, o aprofundamento de uma questão trazida por um ou outro.

À noite o jantar em restaurante para comemorar os sessenta anos de WCA.

Este post não pretende aduzir e nem deduzir o que para todos é óbvio. O outro é ainda o nosso maior patrimônio.  Cada um a sua maneira com sua história particular e que é sempre desconhecida no todo por todos. Temos sempre algo a relatar ainda de nossa vida, mesmo para os nossos mais íntimos.

- Eu não sabia... Disse RIJ ao ouvir de WCA, com quem ela nutre afetuosa amizade há quase quarenta anos, que ANA foi sua única namorada. WCA e ANA fazem, em outubro, trinta e quatro anos de casados.

Percorre nossos diálogos um tema recorrente e intenso. A necessidade de todos nos prepararmos para o inexorável que se avizinha e a passos largos: a velhice. Do dinheiro ao sexo, de aonde ao como, ocupados com o quê, com quem e porque.

Peço à vida que me permita manter-me próximo destas e de outras poucas pessoas. Cada uma, a sua maneira, tem me ajudado a lapidar e dar maior brilho à vida.

E jamais, por força de quaisquer circunstâncias, ter que considerar razoável que autosuprimí-la seja nosso último ato trágico e digno.

Até breve.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

PAISAGEM




Ainda fazendo.

Pela manhã, bem cedo, ver a sangria de um carneiro. A vida rural é crua, diferente da urbana, cruel. A morte, ainda que de animais, se dá pela via da necessidade. Escolhido no rebanho o carneiro é levado para o centro de um dos currais. Com um machado o vaqueiro golpeia a cabeça do animal, que desfalece. Na sequência ocorre a sangria, com uma faca fina e amolada o vaqueiro sela a sorte.

Pouco depois, RIJ e ELA estão juntas resolvendo se será frito, assado, ou ensopado. Assim, pela via da cultura, um fato cru e sem drama.

Não deveria, mas me ocorre um paralelo com a banalidade da morte na selva urbana. Começo a supor que está sendo incorporada à cultura a perda de vidas humanas como um fato cru e sem drama. Alguns podem ainda até sentir compaixão, mas só. Não será mais cruel vitimar pessoas. “Afinal ele estava querendo me lesar em sete reais. Fiz por necessidade.” Crime cru e sem drama.

Volto.

Pouco mais tarde, churrasco do carneiro, almoço tipo o de ontem e cesta na rede do avarandado. Chuvinha maneira pingando de leve no verde de perder de vista, que só some quando encontra as nuvens lá no fim que se alcança.

De repente arco-íris, solão de novo e convite para banho de cachoeira.

Um dia inteiro neste cantão parece que num acaba. Falei prá RIJ que vou presenteá-la com um ventilador de ponteiros de relógio. Agitar o tempo. Mas claro que não é. O problema não são as horas, é o que nós fazemos delas no urbano.

Vou dormir hoje matutando sobre tempo e espaço.

Pudesse e fosse capaz, optaria pela vida crua e sem drama.

E ligaria o ESADOF (*).


Até breve.


(*) Palavra russa. Como toda palavra em russo, lê-se da direita para a esquerda.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

FAZENDO



Estamos em uma fazenda, de propriedade de PER e RIJ, a cem quilômetros de Porto Seguro, Bahia. Chegamos essa madrugada, ficaremos até sexta, quando vamos para Arraial da Ajuda. Lá acontecerá o sessentenário (essa expressão é do Lé) de WCA.

Hoje cedo acordei com uma tremura no solo do quarto. Abri a janela e me deparei com o que PER havia dito, quando vínhamos para cá. “Amanhã vai ter embarque”. O barulho era das patas do gado, chegando próximo ao curral de onde seriam embarcados em caminhão para o frigorífico.

Dá um revertério no dial. Ontem eu estive boa parte do dia em reunião de Comitê Diretivo. Uma prensa. Hoje amanheço no mato e acordo com cheiro de oxigênio nas ventas. Presencio algo do corriqueiro, de onde vêm os víveres para a urbe. Soube do sujeito que traz o olho, o que compra o gado: “Tem que ser de escolha porque é dirigido ao consumidor final, exigente”.

Como já disse, operação de rotina, mas para mim que não quero perder nenhum segundo a vista, nem a prazo, foi de aprender. O gado é trazido do pasto, confinado dentro do curral, o taxiboi estaciona de ré próximo à guia de transporte. Cabeça por cabeça é orientada para entrar nesta guia e lançada na carroceria do caminhão.

Observado o evento, devidamente registrado em IPad, fomos para a casa do Aílton, administrador da fazenda,  e lá, outro fato da rotina. Café, suco de graviola com manga, biscoitos de polvilho, ovos quentes, pão francês ou pão integral abraçando queijo mussarela. Água de côco. Banana da terra.

Silêncio...

Quebrado com o burburinho de patos, gansos, galinhas e perus que correm para se fartarem de algo lançado por aquela auxiliar ali, dentro do extenso galinheiro. Do fundo vozinhas , neto de Aílton e outras crianças, trocando impressões sobre a penca de brinquedos trazidos por RIJ.

PER acabou de sentar aqui na minha frente para trazer a narração de um problema. Na contagem final das cabeças dentro do taxiboi faltou uma. Os vaqueiros saíram à busca do fugitivo que teria sido encontrado e embarcado.

Pois é.

O almoço foi assim: arroz branco, feijão daqueles, bobrinha, rabada e fígado tirados no de pé de vaca, ali colhida hoje mesmo. Suco de graviola, ceuveja e prá que mais. Trem bão de num esquecer.

Aí rede de varanda com brisa vinda de longe a beça pelos vales adiante.

À tarde vem de reconhecimento do terreno, por onde andam as reses, marcadas com o signo da propriedade. Pontos brancos, escuros, pardos num mundaréu de terra no vazio de um silêncio ocupado por vento maneiro.

Compras na cidade, suprimentos e depois a noite que promete no cardápio: queimar uma carninha, ceuveja, visky e outros quereres. E, sobretudo, prosa. Para não perder a dimensão do simples.

Uma saudade fininha dos gritinhos e gargalhadas de Noninha. Apenas.

Até breve.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

PROLE



Recebi diversos comentários a respeito da nova foto do blog, um inclusive registrado no post anterior.

Suponho tratar-se do seguinte: Noninha. Não deve ser por mim, na foto anterior eu me achava até melhor apanhado, mais formal, de terno e gravata. Então será mesmo por Noninha.

Outra razão poderá ser por ambos. Ou quem sabe por força de nossa relação, assim de afeto recíproco. De minha parte plenamente manifesto, da parte de Noninha, esporadicamente. Ela tem ficado mais séria, não é qualquer hora que está disposta a rir das minhas “gracinhas”. Eu se estivesse no lugar dela, também.

Recebemos amigos na noite do último sábado em nossa casa de Santa Luzia. Eu não sou o mesmo aqui do blog quando no cotidiano. Não levo para o real o que produzo no virtual, muito do raramente. É mais dos outros falarem qualquer coisa do que eu fazer referência.

Só que, de repente, eu mi vi fundando minha fala, já lá pelas tantas da noite, e tantas latinhas de cerveja amassadas, em algo que eu tinha em post: a questão da perspectiva da vida em objetiva e existencial.

Tenho convivido com esse raciocínio de síntese e coloco Noninha em ambos. Ela faz parte da conquista de meu patrimônio familiar e tem sido peça chave para as minhas reflexões mais agudas em direção ao sentido da vida.

Uma das amigas presentes comentou alguma coisa relacionada ao drama que assola aos jovens casais: ter ou não ter filhos? “Dá muito trabalho, ocupa demais e custa muito”. Todas as questões objetivas e absolutamente pertinentes.

Um filho dá um imenso trabalho, monopoliza em toda a extensão a vida do casal e, sobretudo custa muito. Especialmente quando nos primeiros meses de vida em que depende integralmente de cuidados. Depois não, ele vai por si próprio construindo as suas demandas. Todas em direção aos pais.

Um filho é sim um saco.

Um saco pesado de imensas preocupações e eternas; de expectativas permanentes e de intensa ansiedade pelo “que será dele quando crescer?”

Um filho é sim um tirano.

Demanda, demanda, demanda. Cobra pelo direito à vida facultada pelos pais, quer por que quer e por querer quer.

Um filho é sim um ônus.

De fraldas a pulseirinhas e brinquinhos. De ingleses, natações, balés a faculdades. Disso até aquilo, uma fortuna, não importa o calibre da verba. Sempre uma fortuna.

Objetivamente, não vale a pena ter filhos. Então por que tê-los?

Por Noninha e por todos os demais que virão. Torço para que eu não caiba na foto.

Vejo parte de minha essência todinha aí viva, carregada de beleza, pureza e alegria.

Não quero de jeito nenhum, mas já posso morrer a qualquer hora.

A minha vida é plena.


Até breve.


quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

UP



Muito bem. O que temos para hoje?

Um premiado e popular cineasta inglês, Michael Apted, em 1964 (aos 23 anos), filmou para a televisão inglesa um documentário no qual entrevistou quatorze crianças de sete anos de idade de origem social variada, perguntando quais eram seus sonhos, planos e desejos. Ele prometeu que voltaria a entrevistar as crianças a cada sete anos. Na semana passada, estreou, em Nova York, "56 Up": as crianças de 1964 (todas vivas) têm hoje 56 anos. Maiores informações vejam em 56UP.

Aí me coloquei a ruminar de novo por onde eu andava e quais eram, a cada ciclo de sete anos, minhas más intenções para tocar o meu barco. Minha memória é lastimável, o que dizem alguns cientistas ser uma dádiva, na medida em que você não guarda mágoas e nem ressentimentos, nem traumas conscientes, nem ilusões perdidas, enfim você é mais feliz, quando desmemoriado.

Aos sete, em 1959, no rol de meus projetos futuros estavam listados: ser padre, jogador de futebol ou Presidente da República. Acho: ser padre porque por alguma razão eu queria ser um bom sujeito; ser jogador de futebol, porque era uma paixão devastadora que me arrancava os tampos de todos os dez dedos dos pés descalços uma vez que as peladas eram travadas em ruas calçadas com pedras pé-de-moleque, ou em terrenos baldios; ser Presidente da República, para ser o ídolo de minha mãe, que na época estava engajada na campanha de Janio da Silva Quadros (vide VASSOURA).

Aos quatorze, em 1966, os projetos eram: não ser padre, ser jogador de futebol ou ser escritor. Acho: não ser padre, porque havia outros caminhos para ser um bom sujeito; ser jogador de futebol, porque eu levava jeito prá coisa; ser escritor, porque a angústia já tinha tomado assento.

Aos vinte e um, em 1973, os projetos eram: não ser jogador de futebol, ser médico psiquiatra ou escritor. Acho: não ser jogador de futebol porque, embora levasse jeito, não era suficiente; ser médico psiquiatra, provavelmente para dar cabo da loucura familiar; ser escritor pois, por força do que rolava, a angústia era maior.

Aos vinte e oito, em 1980, os projetos eram: não ser médico psiquiatra, não ser escritor, ser um puta executivo em empresa multinacional. Acho: não ser médico psiquiatra, porque não dei conta de passar em vestibular de faculdade pública; não ser escritor porque a angústia latente foi resolvida com a lucidez do real pragmático; ser um puta executivo porque era o que me restava a fazer para criar os três maravilhosos rebentos que iluminaram a minha vida.

Aos trinta e cinco, em 1987, os projetos eram: não ser um puta executivo em empresa multinacional; ser professor em escola de negócios; ser consultor independente. Acho: não ser uma puta como executivo em empresa; ser professor de escola de negócios para contribuir na reflexão; ser consultor para ampliar e adensar minha experiência organizacional.

Aos quarenta e dois, em 1994, os projetos eram: ser um professor em escolas de negócios reconhecido; ser consultor em diferentes seguimentos de negócios; ser independente. Acho: ser um professor reconhecido para poder criar lastros e legados; ser consultor em diferentes seguimentos para poder compartilhar experiências multidisciplinares e setoriais; ser independente para ser dono de meus próprios conceitos.

Aos quarenta e nove, em 2001, os projetos eram: não ser professor em escolas de negócios; ser consultor em diferentes seguimentos de negócios e independente; ser conselheiro. Acho: não ser vinculado a nenhuma instituição para garantir minha liberdade conceitual e ética representativa; consolidar minha carreira enquanto consultor; ser Conselheiro e preparar-me para ampliar o impacto de minhas contribuições.

Aos cinqüenta e seis, em 2008, os projetos eram: reduzir e qualificar minha carga de atuação enquanto consultor; privilegiar demandas enquanto Conselheiro e, sobretudo, afinal, tornar-me avô. Acho: aproveitar e buscar sentido à vida.

Hoje, aos sessenta e quase um, em 2013, os projetos são: atender a demandas na esfera da gestão corporativa; postar e ser avô. Acho: atender a demandas para não perder o jeito para a coisa; escrever porque a angústia voltou; ser avô porque é paixão definitiva.


A última frase fez com que eu trocasse a foto do blog.



Até breve.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

3,14...


Lydia, em seu comentário editado no post LENTE sugere que eu assista a “As aventuras de PI” e, fazendo alusão ao meu texto, classifica o filme como de ESTRUTURA E FACHADA.

O filme é do diretor taiwanês Ang Lee que dirigiu, entre outros: A arte de viver; Banquete de casamento; Comer, beber e viver; Razão e sensibilidade; Tempestade de gelo; O clã das adagas voadoras; O tigre o e dragão (Oscar de melhor filme estrangeiro) e O segredo de Brokeback Mountain (Oscar de melhor diretor).

Não é pouca coisa, portanto.

O filme tem fachada extraordinária pela utilização de recursos computacionais que nos levam ao deslumbramento com paisagens exuberantes e cenas surpreendentes, prendendo a atenção do expectador. Provavelmente mais de oitenta por cento da edição final contemple a utilização de imagens produzidas em computador, o que enriquece a obra enquanto cinema.

O filme tem estrutura montada, portanto, por um asiático que vive nos USA desde 1978 e, assim suponho, marcado também pela lente americana de encarar a vida. A lente é objetiva, difere da lente européia, mais existencial.

A questão central abordada no filme, me parece, diz respeito à luta do Homem pela sua sobrevivência e criação de identidade, incluída aí a existência ou não de Deus como “responsável” pelos nossos desígnios.

A primeira meia-hora do filme narra as dificuldades enfrentadas pelo protagonista quando criança/adolescente na escola por força de seu nome PISCINE, daí Pi e sua relação com os pais e irmão diante de sua procura religiosa.

Na escola, cansado de ser ridicularizado, ele reage buscando alternativas para explicar o que vem a ser Pi, o diminutivo de seu nome. Duas ou três cenas cuidam dessa passagem e dão encaminhamento à trama.

Em casa, à mesa do jantar, ao fazer oração antes da refeição é questionado pelo pai e pelo irmão sobre a sua opção religiosa. Pi já havia procurado em Khrisna, Cristo e Alá aquele que mais se aproximasse da sua idéia procurada de Deus.

Depois dessa primeira meia-hora, o filme apresenta o naufrágio, que ocorre na parte mais profunda das águas do Pacífico, e a partir daí a luta pela sobrevivência de Pi em uma balsa, acompanhado por um tigre, uma zebra, uma hiena e um orangotango também sobreviventes do naufrágio e que pertenciam ao zoológico dos pais na Índia e estavam sendo transportados para o Canadá onde a família procuraria melhor sorte.

As cenas finais, especialmente aquelas protagonizadas pó um Pi já adulto, propõem ao expectador a questão central da trama.

Posso caminhar por uma interpretação singela. Penso que o diminutivo do nome atribuído ao protagonista quer sinalizar quão amplo são os meandros para a busca de nossa identidade e a nossa crença ou não da existência de Deus.

Desde a Antiguidade, foram encontradas várias aproximações para o cálculo da área do círculo. Pi é um número irracional e transcendente, de forma que os métodos de cálculo sempre envolvem aproximações, aproximações sucessivas e/ou séries infinitas de somas, multiplicações e divisões. Um engenheiro japonês e um estudante americano de ciências da computação calcularam, usando um computador com 12 núcleos físicos, cinco trilhões de dígitos, o equivalente a 6 terabytes de dados.

Há no filme uma cena, em que Pi está na escola e vários alunos o vê escrever no quadro negro parte das dízimas que constituem o número Pi, cuja versão mais reduzida contempla 52 casas decimais.  

É. O círculo de nascimento, vida e morte nos remete a inúmeras aproximações, aproximações sucessivas e/ou série infinita de somas, multiplicações e divisões. É do protagonista a assertiva de que “A fé é uma casa de muitos quartos” e eu complementaria: e de inúmeros outros cômodos alguns desconhecidos ou sequer visitados.

Fiquei também com outra fala do protagonista: “A dúvida é útil”.

A procura do sentido da vida e da nossa transcendência é uma aventura real alucinante. Quero curti-la à exaustão.


Até breve. 

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

AUTOR



Acho que já posso fazer uma revelação importante.

Estes trezentos e trinta e poucos posts aqui publicados não são de minha autoria. Minha atividade laboral não se coaduna com a boa maioria de temas tratados neste blog. Salvo referências e fotos de minha netinha, tudo o mais são apropriações indébitas de intelectuais ou pseudo-intelectuais que, por sem ter o que fazer, produzem especulações aleatórias sobre um tudo.

Esta situação a qual eu me vejo envolvido assemelha-se, para não dizer que é idêntica, a de ilustres como Arnaldo Jabor, Luís Fernando Veríssimo e agora, mais recentemente, a diva Fernanda Montenegro.

Atribuem a ela um texto, acompanhado de foto e depoimento referente ao seu casamento, cujo teor dá conta de um manual de como as mulheres devem fazer para manter os seus machos, espécime escassa no mercado atual.

Pois é, aí surgiu uma polêmica danada em relação ao fato, trazida por comentaristas que posicionaram ou a favor do texto, ou a favor da idéia de que não tem a menor importância se foi Fernanda ou não que escreveu, ou achando um absurdo achar que não tem a menor importância quem escreveu o texto. Enfim, afinal o que interessa mesmo?

Vivemos uma época hiper interessante. A profusão de matéria na web rompe com toda a lógica então vigente, eu prefiro dizer que pirou geral. E eu reconheço que tenho me empenhado em dar minha modesta contribuição para a despirocada.

Querem ver?

Copiaram um dos textos aqui publicados, traduziram em vários idiomas, e lançaram na web sob a autoria de um tal de Kenneth Walker, neozelandês que vive hoje de pequenos bicos nas ruas de Sofia, Bulgária.

Claro, ninguém leu, até porque, claro de novo, é pura invencionice minha. O que quero considerar, no entanto, é que reside aqui o novo. A web não tem escrúpulos, filtro, dogmas, padrões. É código aberto e a propriedade intelectual foi pro saco o que, em minha opinião, é ótimo.

A arte precisa manter-se, para ser digna e pura, na marginalidade e não pode ser vendida embalada como bem de consumo e nem gerar notoriedade ou holofote a quem a produz a seco.

A arte é Bem Popular e como tal deve ser sorvida, adulterada, roubada, vilipendiada, copiada, sempre e quando levar àquele que toma contato com ela a momentos de intensa e incomparável humanidade.

Viverei momentos de glória quanto um rato virtual amealhar meu nome, produzir algo de seu, para dar a conhecer algo que a alguém possa interessar. Ou mesmo apoderar-se de um de meus textos e alcançar um número maior de leitores. Sei do risco que corro, do tipo atribuírem a mim a publicação de algo perverso. Não é esse o perigo maior, pois tenho elementos como me defender.

Perigo maior é o de não termos tantos artistas ilustres que ao povo interesse, essa meia dúzia de iluminados, capazes de dar nomes a obras alheias.

Perigo é quando não tivermos mais Fernanda(s), Jabor(s), Veríssimo(s) e alguns outros para assinarem textos.

Aí sim, será triste. Restará-nos a polêmica medíocre.


Até breve.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

LENTE



Vamos lentamente aquecendo as agendas, voltando aos cotidianos que chamo operacionais da vida. Sim, porque para mim a vida pode ser classificada em duas perspectivas: a objetiva e a existencial.

A objetiva diz respeito aos fatos e dados e a existencial às dúvidas.

Até a idade madura, tipo a minha, concentramos nossa tensão (para não dizer tesão) nas questões objetivas, relacionadas quase sempre ao edificar. Patrimônio social, nossa rede de amigos; patrimônio profissional, nossa carreira; patrimônio econômico-financeiro, carro, casa, poupança e patrimônio familiar, nosso parceiro e nossos filhos.

Edificadas, as questões objetivas entram em processo de estabilização, não que percam importância e atenção, mas, pelo menos no meu caso, não são aquelas nas quais tenho focado minhas energias. Meus filhos já são donos do nariz e complementos; amigos, tenho muitos e são de tempos remotos; parceira, cada dia fica mais claro que estou em uma aliança indissolúvel, mesmo que eu supite.

Vejam, por exemplo, Claudinho e Valesca: bem colocados profissionalmente, curtinho a maravilha que é a Noninha e agora, acabaram de adquirir um apartamento para o qual mudarão até o final do mês. Observo-os com atenção, nesta fase de preparação do novo apê para que o mesmo ganhe a “nossa cara”. Eles chamaram arquiteta para orientá-los em algumas eventuais modificações, uma em especial.

Trata-se da expansão da suíte do casal que fica defronte para a rua. A idéia é de que demoliriam parte da parede, retirariam porta de correr, colocariam cortina de vidro na atual varanda, escritório ali, outras coisas acolá, enfim. Existem algumas restrições estruturais, de mudança de fachada e naturalmente de grana.

Chamo isto, portanto, de operar a vida. E acho legal a pampa. Fiquei mil dias construindo a nossa casa em Santa Luzia. Inúmeras vezes fiz reformas em nossas moradas, comprei dezenas de automóveis e outros trens, fiz a beça.

As questões objetivas são cruciais para que, na idade madura, as existenciais floresçam com maiores possibilidades e extensão. E são com elas que me ocupo agora, principalmente. 

No último final de semana pinçamos, aleatoriamente, na TV paga três filmes que assistimos com atenção: “Exílio”, “Impardonables” e “Avé”. Produções européias com diferentes temas e narrativas.

Temos observado uma questão recorrente à maioria dos filmes europeus que temos assistido: a decadência do continente e o impacto sobre os jovens e relacionamentos de maneira geral. Os três filmes citados acima denunciam de forma dramática a desesperança da juventude, a perda dos vínculos familiares, o empobrecimento inclusive da cultura, a perda do sentido da vida.

Aqui entra, para mim, a outra dimensão da vida: a da dúvida, imperativamente, existencial. Lidar com a contundência do que tem sido trazido recentemente por diferentes diretores europeus, tem sido extremamente rico para a reflexão.

Ninguém pode ficar ileso se assistir à Avé, especialmente. Ele vai ao ar, hoje, no MaxPrime, às 20:20 horas. Mexe com estrutura e fachada.


Até breve.

Para ilustrar leiam: FRANÇA