Ok. É Natal.
Fiquei pelejando para recuperar da memória frágil "a" Noite Feliz/Noite de Paz, entre as sessenta.
Deixei de lado a tarefa já que estava diante da mais expressiva, eu acho. Na solidão compartilhada com uma única taça de vinho tinto e um prato fundo que abrigava o capelete, recém preparado e deixado em panela sobre o fogão pelo querido filho pródigo e minha nora, pensei. Embalado pelo som distante de uma bossa nova que ecoava do canal pago, com as luzes todas do apartamento apagadas, iluminado apenas pelo claror da cidade.
Pensei.
Votos recebidos de tantos amigos queridos, de executivos de empresas clientes, de parentes poucos e clementes, de Pretinha e Claudinho, de Lé e Fabiana. E de outros tantos, que não nomeio. Fui surpreendido pelo toque do meu celular as três e meia da madrugada: "Agulhô, você é muito importante prá mim, cara", e desligou. Sei pelo número registrado que é um cliente, movido por um estado etílico avançado e por uma dose de felicidade provavelmente aguda.
Pensei.
Começo a crer que a idéia natalina faz algum sentido. Pretinha pelo FaceTime me disse: "Natal é legal, né pai"? Agulhozinha que é, agnóstica e cética, me estimulou a descobrir por que. Não está toda pronta ainda, mas há sinais de alguma conclusão. Não sei se pelo andar dos anos sobre as compreensões mais sensíveis eu me dou conta de que é sim, míster, parar no acostamento da estrada da vida. E renovar destinos, velocidades, combustíveis e companhias.
Pensei.
O que me valerá ainda viver? Pelos netos, pelos textos, pelas dores físicas, pelo ocaso e decrepitude digna, pela sabedoria anciã e nobre? Pela tarefa indelegável da função paterna e granpaterna? Ouvi ontem mesmo de Lé, que ele não consegue livrar-se deste caráter, o que me alegra fundo. Pelos poucos e adoráveis amigos que, também por força dos anos que se acumulam, consolidam um singelo afeto e cumplicidade? Pelos meus nove irmãos, ainda vivos, que mantenho distantes e ausentes, mas que no fundo, apesar de históricas desilusões, com padeço?
Pensei.
Por aquilo que não deixei e nem deixarei jamais envelhecer, meu sonho juvenil, de mudar o mundo. Isto mesmo, ser protagonista de uma transformação que afinal enderece o Humano a um eixo distinto de rotação deste que está posto? Parece não, é sim desta loucura que embebo o meu inquieto espirito. Lembro agora, da dedicatória à meu pai de um livro que escrevi na juventude, INFECTUM, onde registrei: " Odeio quem quer que seja que não tenha a mão escalavrada no trabalho, aquela mão pesada e frágil, aquela mão que se fez máquina por necessidade. E tenho vergonha das minhas, essas mãos de príncipe. Minha amargura, doravante, será minha ideologia".
Pensei.
E, sobretudo, pensei em propagar a alegria. Assim, desejo a todos aqueles que batem à minha porta, um tempo de reflexão e que esta possa resultar em dias mais ricos e felizes.
FELIZ TEMPO NOVO A TODOS!!!
Até breve.
Generosidade...
ResponderExcluirLozinho, encontrei este pensamento sobre a generosidade do "escritor" e compartilho com você acreditando que vocês estão na mesma estrada. Feliz tempo para você!
Wonder why anyone would hesitate to be generous with their writing.
I mean, if you really want to make a living, go to Wall Street and trade oil futures ... We’re writers. We’re doing something that is inherently a generous act. We’re exposing ourselves to the muse and to the things that frighten us. Why do that if you’re not willing to be generous? And paradoxically, almost ironically, it turns out that the more generous you are, the more money you make. But that’s secondary. For me, the privilege of being generous is why I get to do this.
referência: http://bit.ly/V4zx0i
Lozinho,
ResponderExcluiré muito difícil recuperar o comentário original!
Na sua essência queria lembrá-lo de sua generosidade em compartilhar conosco suas Histórias (com H maiúsculo) e para ilustrar um pedaço de um post sobre ser um escritor.
Segue:
I wonder why anyone would hesitate to be generous with their writing.
I mean, if you really want to make a living, go to Wall Street and trade oil futures ... We’re writers. We’re doing something that is inherently a generous act. We’re exposing ourselves to the muse and to the things that frighten us. Why do that if you’re not willing to be generous? And paradoxically, almost ironically, it turns out that the more generous you are, the more money you make. But that’s secondary. For me, the privilege of being generous is why I get to do this.
http://bit.ly/V4zx0i
FELIZ TEMPO NOVO !