sexta-feira, 2 de novembro de 2012

NOVENTA



Publico hoje o post de número TREZENTOS, faltando sete dias para completar dezoito meses de início do blog. Implica, neste período, em um texto a cada dois dias.

Penso que tenho primado pela instabilidade de tema, estilo, profundidade e estética nos textos. Acho que os textos iniciais eram mais densos, orientados pelas minhas lembranças que chamei ruminessências.

Fiquei muito feliz com a produção de alguns, especialmente aqueles que trataram dos meus sentimentos às vésperas de meus sessenta anos, os diálogos prováveis com Liz, minhas inquietações políticas e meu olhar para o cotidiano. Em especial, também, algumas incursões para opinar sobre livros e filmes.

Agradeço mais uma vez aqueles que acessaram o blog. Alguém, em comentário, disse que escrevo para mim. Não é de todo verdade. Minha pretensão é de que esses textos possam refletir à universalidade de nossas questões, inclusive as mais íntimas.

Confesso, no entanto, que os textos que mais me colocam em catarse são aqueles que trago Liz, minha Noninha. Fico imaginando quando vierem os próximos noninhos. Não haverá espaço virtual que contenha.

Ontem ela completou noventa dias de idade. Em cada um deles, praticamente em todos, eu estive presente. Evoluiu um após o outro: em peso, em comprimento e em suas faculdades psicomotoras. Fomos ao pediatra, eu acompanhando Pretinha. A restrição do pai, que trabalha a cem quilômetros de casa, tem me facultado esse privilégio. A Noninha pesou 4,975 quilos e mediu 58 centímetros.

Aos poucos vai se incorporando à paisagem como alguém com quem se interage. Ela nos acompanha, alguns até busca (eu, por exemplo) com o olhar. Para alguns ela sorri, dá até gargalhada e deixa escapar uns gritinhos.

Não gosta de trocar roupa e também não gosta de ficar no colo deitada com a cabeça prá cima, prefere passear deitada de bruços sobre o braço de quem a carrega. Se você der umas palmadas de leve na bundinha dela, ela apreciará.

No berço já vira de um lado para o outro e quando acorda estende os bracinhos e faz caras e bocas.

É lindo vê-la despertar.

No momento começa a pegar objetos e invariavelmente levá-los à boca. Tem bichinhos preferidos: o puc-puc e a oitopéia (centopeia de oito patas) que, ao ser estendida, estremece. Brinca com a mãe quando mama. Tira a boca do seio, dá um risinho e volta a mamar.

Em noites mais quentes adora tomar banho no balde. Troca de roupinha pelo menos três vezes ao dia, ou quando faz suas artes fisiológicas em profusão, o chamado número 2.

Tem pouca resistência ao sono. Entre uma mamada e outra não suporta ficar acordada mais de uma hora e meia. À noite dorme de seis a sete horas seguidas.

Um anjo, portanto.

Ontem pela manhã, entreguei para Pretinha os livros do Bartolomeu que havia comprado. Quero que ela os guarde até que Noninha esteja com “a altura próxima de um tampo de mesa”, como escrevi em dedicatória que os acompanha.

Talvez eu consiga atingir quinhentos textos. Continuarei na tarefa de tentar convencer a mim próprio, e a outro que se interessar possa, do que verdadeiramente importa.


Até breve.

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