domingo, 18 de novembro de 2012

MORTEM



Vamos considerar duas hipóteses: a primeira, absurda, que o mundo acabou. A segunda, mais provável, que a qualquer momento todos nós tomaremos conhecimento do fato.

Claro que na hipótese absurda, a de que o mundo acabou não se trata da derrocada absoluta, ou seja, estamos ainda por aqui. Mas a de que o mundo, como o espaço para a realização do sonho humano, já era.

Se não, vejamos:

A China elegeu agora seu novo presidente que ficará no poder, junto a seus seis auxiliares (estrutura enxutíssima), pelos próximos dez anos. Prioridade: debelar a corrupção endêmica que solapa recursos do estado destinados ao desenvolvimento nacional.

O Continente Africano dissolve-se pela fome, pela AIDS (ainda), pelo extenso e interminável êxodo, pela negritude menos valida.

A Europa está de dar dó: nossos mais próximos Grécia, Itália, Portugal e Espanha, agonizam seu estado do bem-estar-social.

Por favor, não nos lembremos de Sírias, Afeganistãos e, agora e de novo, Iraques.

A América do Norte, pois bem, ali nunca se pode esperar muito para o mundo sonhado. “Fazer a América”, em minha opinião, sempre beirou à alucinação.

A América do Sul, puxa vida, melhor chorar por ela toda e não só pelo berço de meu pai.

Bom, o Brasil. Nosso país não cabe na primeira hipótese. Ele está mais próximo da segunda, a de que é mais provável que a gente perceba que nosso mundo acabou.

Vejamos: terrorismo em São Paulo onde o alvo são inocentes (o ápice foi o assassinato de uma criança de um ano e oito meses) e alastra-se para Santa Catarina. Na fronteira do norte do país, índias de oito a doze anos de idade são levadas à prostituição por empresários, políticos e outros endinheirados e de poder na região. No jornal da TV Cultura, da última semana, uma professora de Direito Internacional da USP classificou os episódios como Crime contra a Humanidade.

Visto isto, a hipótese mais provável não se sustenta, de forma conclusiva, listando fatos e/ou dados. Nem acho imperioso que um estudo mais largo, erudito e profundo venha dar cabo destes enunciados.

Penso que cada cidadão é que, nessa hipótese, deva elaborar a sua própria análise e conclusão.

Não é mais possível, provavelmente, sonhar o sonho humano.

Se me perguntarem qual é afinal, Agulhô, o sonho humano, eu terei quase a certeza objetiva de que, infelizmente, a primeira hipótese é a que se confirma.

Então?


Até breve. 

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