Estou
em dúvida, ou será com dúvida? Prefiro, então, duvidar.
É que a Procuradoria
da União, a partir de ação do Ministério Público Federal, pede que as novas
cédulas de Real sejam produzidas, em até 120 dias, sem a expressão “Deus seja
louvado”. Pede ainda que haja uma multa de R$1,00 por dia de descumprimento.
"A manutenção da expressão 'Deus seja louvado'
[...] configura uma predileção pelas religiões adoradoras de Deus como
divindade suprema, fato que, sem dúvida, impede a coexistência em condições
igualitárias de todas as religiões cultuadas em solo brasileiro",
afirma trecho da ação, assinada pelo procurador Jefferson Aparecido Dias.
"Imaginemos a
cédula de real com as seguintes expressões: 'Alá seja louvado', 'Buda seja
louvado', 'Salve Oxossi', 'Salve Lord Ganesha', 'Deus não existe'. Com certeza
haveria agitação na sociedade brasileira em razão do constrangimento sofrido
pelos cidadãos crentes em Deus", segue o texto.
Por sua vez o cardeal
dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo: "Questiono por que se deveria tirar a referência a Deus nas notas
de real. Qual seria o problema se as notas continuassem com essa alusão a Deus? Para
quem não crê em Deus, ter ou não ter essa referência não deveria fazer
diferença. E, para quem crê em Deus, isso significa algo. E os que creem em
Deus também pagam impostos e são a maior parte da população brasileira".
Ultimamente
tem sido muito difícil ser Deus, eu acho. Já não existem fiéis como
antigamente, essa é a verdade. Ter Deus na nota não traz nenhum problema, para
quem não crê em Deus não faz nenhuma diferença, significa algo quem crê em
Deus, e Deus instrui para que todos paguem seus impostos? Eu, hein?
Gente, tá faltando
juízo nos homens sobre a terra. Jesuscristíssimo, assim tá demais!
Penso que poderíamos
combinar o seguinte. Na parte da frente seria impressa a Nota propriamente
dita, que é sempre ao portador. No verso viriam as louvações de todas as
manifestações cléricas e incléricas do povo. Colocaria em ordem alfabética (da
língua portuguesa do Brasil) para não termos grandes problemas de importância
dessa ou daquela manifestação.
Deixa o povo sonhar,
Ministério. A Nota, como Deus, são delírios circulantes.
Lá no Império, ainda
que decadente e inundado, a coisa é mais dissimulada, aliás, como tudo: “IN GOD WE TRUST”. Num falam em qual,
fica ao gosto do freguês.
Por mim, eu iria
direto ao ponto. Importância por importância, ridículo por ridículo, venal por
venal, impróprio por impróprio, leviano por leviano, eu colocaria no verso do
vil papel a mais frágil e impotente inscrição do Homem:
“DEUS NÃO EXISTE”
Até breve.
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