terça-feira, 23 de outubro de 2012

ÂNIMA




Viajei hoje, bem cedo, à Campinas para uma reunião de trabalho. Logo que desembarquei liguei meu celular e vi que havia uma mensagem enviada por Pretinha. Minha filha dava conta e prova (através de foto anexada à mensagem) que Liz havia, na última noite, virado de cabeça para baixo. Explico melhor: minha netinha foi dormir com a cabeça voltada para a cabeceira e amanheceu com cabeça voltada para os pés do berço.
Que importância tem o fato? Nenhuma ou inexpressiva para alguns. Para mim, no entanto, imensa e simbólica. Digo por quê.
Liz empreendeu seu primeiro ato de vontade aos oitenta e quatro dias de vida. Espero que, doravante, seja sempre assim. Vai incomodar muita gente, especialmente os mais próximos. “Onde já se viu?”, será pergunta constante.
E ela virará de ponta-a-cabeça.
Quero que minha neta escolha e atue em prol. Leonina como é, não medirá meios e modos, ainda que correndo riscos.
Virará de ponta-a-cabeça.
Perturbará papai e mamãe, vovôs e vovós, mas irá ao encontro de seu espaço, acho até que com alguma ternura, se for possível. Se não, também.
Virará de ponta-a-cabeça.
Será menina e depois mulher com todas as maquiagens e cuidados outros de fêmea. E, de repente, olhará em alguém e, meu Deus, se apaixonará. Escolherá um caminho e o trilhará determinada, digna e brilhantemente.
Disseram-me, recentemente, que eu falo de Liz de uma forma muito exagerada, como se ter uma neta fosse a coisa mais extraordinária do mundo. O pior que prá mim é mesmo. Liz é fruto e como tal deve ser tratada. De fato quero que ela transborde.
Virando de ponta-a-cabeça.



Até breve.

Um comentário:

  1. Ah ...vovô quando o sol se esconde Liz vê estrelas no quarto de dormir e estende os bracinhos para tocá-las ...num é que a menina consegue ???

    Lizete (liz)

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