sábado, 8 de setembro de 2012

INVESTIR


Na verdade fiquei os últimos dois dias gastando a vida com assuntos domésticos, embora com o espírito ocupado com os dois comentários que recebi no ÔCEAÍ.

Ontem fui visitar a obra de construção da residência de uma amiga e de sua filha.

Essa amiga contrariou tudo o que se possa imaginar. Ninguém aplicaria a soma de recursos que ela está colocando no projeto. Ninguém executaria um projeto com tamanha envergadura. Não é um lugar que caiba, não é uma região compatível, não é um espaço de convivência que se aplique.

- E eu com isso? Resolvi fazer aqui o lugar que eu vou passar os últimos e melhores dias da minha vida. Serão intensos. 

O terreno tem vinte mil metros quadrados. Ela só não colocou a mão em quinze por cento dessa área, nos quais verdejam matinhas nativas. Os demais dezessete mil metros quadrados foram todos mexidos, revirados, terraplenados, nivelados, plantados e replantados.

A configuração do terreno era acidentada e o projeto implicou em formação de platôs e bancadas e estruturas em concreto lançadas no vazio para uma vista fascinante com amplitude, eu suponho, de duzentos e cinqüenta graus.

A casa é composta por duas moradias, a outra é para sua filha que divide com ela pau-a-pau o sonho (vinte e quatro horas por dia). A construção é contígua com as moradias ligadas, em vão livre, por uma coberta em laje maciça, pesa algo como quarenta toneladas e tem nove metros de pé direito. A construção da casa está plotada em um dos platôs com quatro mil metros de superfície plana. Há ainda uma maravilhosa edificação, em três níveis, destinada ao complexo de lazer e dependências de hóspedes.

Ousadia.

Esta visita roubou parte do tempo que eu dedicaria aos últimos preparativos para a vinda de Liz, pela primeira vez, à sua casa de Santa Luzia. Prateleiras para a colocação de bonecas e bonecos, bichinhos e menininhas de pano com seus vestidinhos rodados. Bercinho, extensões elétricas para abajur e babá eletrônica.

Como eu já havia imaginado, Liz preenche um imenso espaço e cobra uma exclusividade absoluta. Tudo me circula em torno dela. 

Hoje a bomba hidráulica que puxa água para a caixa d’água da parte superior da nossa casa deu tilte. Com isso me mobilizei tipo três horas. Felizmente conseguimos reparar o problema e voltamos à situação normal de abastecimento.

Penso que me bate no sangue um gosto por isto. Assim, abandonar-me e, às vezes, me deixar levar pela vida. Cuidar daquilo que me concerne, contribuindo para buscar disponibilizar um espaço de convivência onde haja, essencialmente, alegria.

À tarde joguei futebol e senti juntas, costas e a sola do pé.

Agora à noite, quando me debrucei sobre o computador, concluí que meus comentaristas têm razão.


Até breve. 

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