- Guilherme!
- Oi, mãe...
- Quem foi que quebrou esse
negócio?
- Num fui eu.
- Então quem foi?
- Um ladrão.
- Que ladrão, menino?
- Um preto...
- Preto?!!!
- Não, mãe... Cinza.
- Que história é essa, menino?
- É. Ele tem uma máscara preta
grande...
- Mãe, eu acho que é o mesmo ladrão
que pegou o meu batom e saiu riscando a parede...
- Ana, será que ele veio nos
seguindo até aqui?
Essa e outras histórias preencheram
a chegada, essa madrugada, de Rij e Perez em Arraial d’Ajuda, onde estamos
desde a noite de quinta-feira. O protagonista é um sujeito de quatro anos e
meio de idade, um dos netos de Perez e Rij. Ana Clara é sua irmã de treze.
- Que é isso, Guilherme? O que você
está fazendo com essas cartolinas?
- Uma pirâmide, vô...
- E prá que ela serve?
- É onde moram as múmias...
- Múmias?!!!
- É, vô.
- E onde ficam estas pirâmides?
- No Egito.
- O que é Egito, menino?
- Um lugar cheio de areia.
Somada a estas, na praia W comentou
conosco que um sobrinho dele encontrou um amigo nosso na empresa onde trabalha.
Saiu um assunto relacionado à empresa onde W trabalha. O sobrinho dele disse
que o tio trabalhava na tal empresa.
- W? Teria perguntado o nosso amigo comum.
- Sim. Você o conhece? Perguntou o sobrinho.
- WC?
- Ele mesmo.
- Comi muito...
Conosco está também D. Mar de
oitenta e um anos de idade, mãe da esposa de W. Se ela é hilária, poucos
minutos de praia depois, apreciadora de água que passarinho não bebe, D. Mar
fica impagável.
- Vocês acham que eu bebo porque eu gosto? Não, eu bebo porque preciso.
Não deve existir vida com qualidade
muito melhor do que estar junto a pessoas agradáveis e em lugar paradisíaco como
a Praia Rio da Barra. Dosado à álcool em medidas que levem a um estado nirvânico
de alma, rolando uma conversa em que o humor é o fio condutor de todos os
assuntos, um banho ou outro em azul.
Tá bom, é verdade. Pode ser mesmo
um privilégio.
Eu aqui com minhas quase certezas
tenho prá mim que é fruto de uma construção cuidadosa de vários anos em que se
foi tecendo os laços que nos unem nesse respeito e afeto recíprocos.
D. Mar, W e sua esposa, Perez e Rij
em um dia inteiro de convivência inundaram nossa vida de algo que de quando em
vez ocorre: o prazer de compartilhar companhia para dar ao singelo e adorável
ócio um sentido inesgotável à vida.
Dentro de uma Kombi que nos levou da
Mucugê, onde fica a casa de W, até a Praia Rio da Barra, Ela soltou uma de suas
máximas:
- O amor não existe!
Apenas para nos deixar ainda mais
claro que sentimentos não são para serem trazidos à linguagem, mas
experienciados como a um sumo que demanda que se renove a cada sorva.
Ainda se tudo não bastasse, Pretinha
via WhatsApp enviava fotos dando conta de por onde andava Liz.
Tem hora que eu sinto que pego na
vida.
Até breve.
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