Assisti a uma entrevista do Rubem
Alves. Nela ele diz que escreveu o livro "Ostra
feliz não faz pérola" para aludir a idéia de que há de existir
angústia para vir produção. Não fosse um grão de areia que nela penetra a ostra
não se incomodaria a ponto de tornar esse grão de areia em pérola.
É dele também a idéia de que não se
deve nutrir esperança "por causa
de", mas "à despeito de”.
Para Fernando Pessoa o homem é um
cadáver adiado.
Essas citações remeteram-me ao mal
estar que dá escrever. Sinto que escrever é evadir-se de algo que procura
verbo.
Estive durante a tarde de hoje
conversando com um ex-executivo e que atualmente atua como consultor de
estratégia em um setor específico. Brilhante o sujeito. Ao longo de toda a
conversa ele varreu inúmeras áreas do conhecimento não só organizacional, mas
político, econômico, social, filosófico, artístico entre outras.
Confesso que
fiquei meio zonzo e, ao mesmo tempo, preocupado. Eu não sei nada sobre o que
ele falou e isto me deu a sensação objetiva de que passei.
Passei assim: num tenho mesmo mais
saco para discurso, especialmente os engajados na militância corporativa e
acadêmica.
Depois desses anos todos atuando em
organizações de diferentes portes, setores, estrutura de capital, os cambau, eu
sou hoje obrigado a reconhecer que 99,987% do discurso é absolutamente vazio,
mas seduz e leva até gente de peso à orgasmos múltiplos.
O pouco do que se aproveita é, ainda bem, óbvio. O que permite às pobres organizações utilizarem.
O que isso tem a ver com Rubem
Alves, Fernando Pessoa, ostra, pérola, cadáver? Quase nada, mas que são
citações legais, refinadas, poludas, ah isso são. E seduzem.
Ainda milito em Conselhos não por
causa de, mas à despeito de.
Discursos.
De fundo, só vi sucesso na ralação.
Fazendo prática teoria. Areia >>> Pérola.
Até breve.
Que porrada!!
ResponderExcluirEu vivo no meio da buRRocracia, dos planejamentos sem pé nem cabeça, do jogo político, do jogo de poder...isso tudo e mais um pouco engrossam a estatística dos 99,987%.
Queremos fazer acontecer, queremos produzir pérolas, mas são tantos entraves, tantos discursos, tanta falta de transparência!
Desanimo. Respiramos fundo e percebemos que estes entraves na verdade podem ser as pedras que precisamos quebrar.
Obrigado pela inspiração, pois precisamos cada vez mais de transpiração!
O não conhecimento sobre tudo é o impulso para dar continuidade, para buscarmos um pouco mais.. os discursos deixam sim, impulsos, para a procura da pérola.. areia é necessária, faz parte. Quanto ao cadáver, vamos sim chegar lá.. mas até lá.. temos muito por aqui.
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=BnYvvN_zZM4#!
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