sexta-feira, 10 de agosto de 2012

DEZ



Agora, às vinte e duas horas e vinte e oito minutos, Liz completa dez dias entre nós. Ontem, à noite, eu estava com ela no meu colo e percebi que começa a acompanhar a nossa voz. Seus olhinhos ganham mais expressão e ficam atentos aos sons.

Já tomou vacinas, fez o teste do pezinho, furou as orelhinhas e nelas brinquinhos transluzem. Seus cabelos crescem a olhos vistos, embora serão substituídos brevemente por aqueles que lhe darão parte da identidade.

Chora pouco, mas bonito. Nada que estresse o papai e mamãe. Suspira, arrota, espirra. Mama e dorme. Entra em um ritmo muito confortável e tranqüilo para os pais e para si mesma. Vai da meia-noite às cinco da manhã sonhando seus sonhos e é acordada pela mãe, preocupada com o longo período sem amamentá-la.

Claudinho, quando chega à noite do trabalho, nem nos cumprimenta direito. Corre para o banheiro e faz cara de incomodado quando, ao sair do banho, encontra Liz no colo de alguém. Parênteses: nós não estamos morando com eles e nem eles estão estes dias no nosso apartamento.

Pretinha parece mãe de outras viagens tal a tranqüilidade. Observa tudo e a todos, e está sempre próxima da filhinha. Inclusive quando a neném está no bercinho, Pretinha adora ver a imagem de Liz na babá eletrônica. Vai deixando os traços marcados no corpo pela gravidez e volta ainda mais linda da experiência, embora seja comum que toda mulher fique mais linda depois de tornar-se mãe.

Este é o post de número duzentos e cinqüenta do dasletra e é, para mim, motivo de satisfação ainda que secundária.

Nestes quinze meses drenei meus espíritos. Fiz minha catarse, contei minhas histórias, delirei, fui claro e emblemático, direto e metafórico, simbólico e concreto. Trouxe assuntos tortos, escrevi bobagens, relatei viagens, descobertas, estradas e bandeiras. Comentei filmes, acontecimentos. Últimas e Nublinas, coisas que dilaceram a minha esperança.

Escrevi diálogos prováveis e por eles recebi críticas:

- “Você vai ficar muito chateado se aquilo que você aborda nos diálogos com Liz não ocorrer...”

Tenho que o conteúdo das histórias será o que menos importará ao futuro. Naqueles dias eu apenas ansiava pela minha netinha e queria que meu coração já a sentisse presente.

Duzentos e cinqüenta dizeres ao aberto, ao virtual, às nuvens. À pessoas não sabidas de lugares até distantes. Ouvi alguém dizer, outro dia, que a exteriorização faz parte da necessidade do homem construir sua singularidade. E o blog me serve a isso. Tomara que eu continue e que a minha indisciplina não tire de mim o gosto pelo palavrar.

Até porque, todo santo dia, Liz encanta, dia dezessete a Dindinha vai saber se é menina ou menino, em setembro vem o Leozinho do Júlio e da Mônica além do que, de outro casal muito próximo, eu sinta sinais cada vez mais evidentes.

Sim, a vida pode ser melhor, ainda que nublina.

E será postada.


Até breve.

EM TEMPO: Já disse aqui que poucas coisas me incomodam e, entre elas, fazer compras. Pois hoje visitei, SÓZINHO, seis lojas em diferentes lugares até achar uma saboneteira que lembrasse Liz: uma gatinha.


Um comentário:

  1. Que bom saber que nestes dez dias Liz esta muito bem de saúde e recebendo o carinho e cuidados.

    Beijos

    ResponderExcluir