Agora, às vinte e duas horas e
vinte e oito minutos, Liz completa dez dias entre nós. Ontem, à noite, eu
estava com ela no meu colo e percebi que começa a acompanhar a nossa voz. Seus
olhinhos ganham mais expressão e ficam atentos aos sons.
Já tomou vacinas, fez o teste do pezinho,
furou as orelhinhas e nelas brinquinhos transluzem. Seus cabelos crescem a
olhos vistos, embora serão substituídos brevemente por aqueles que lhe darão
parte da identidade.
Chora pouco, mas bonito. Nada que
estresse o papai e mamãe. Suspira, arrota, espirra. Mama e dorme. Entra em um
ritmo muito confortável e tranqüilo para os pais e para si mesma. Vai da
meia-noite às cinco da manhã sonhando seus sonhos e é acordada pela mãe,
preocupada com o longo período sem amamentá-la.
Claudinho, quando chega à noite do
trabalho, nem nos cumprimenta direito. Corre para o banheiro e faz cara de
incomodado quando, ao sair do banho, encontra Liz no colo de alguém.
Parênteses: nós não estamos morando com eles e nem eles estão estes dias no nosso
apartamento.
Pretinha parece mãe de outras
viagens tal a tranqüilidade. Observa tudo e a todos, e está sempre próxima da
filhinha. Inclusive quando a neném está no bercinho, Pretinha adora ver a
imagem de Liz na babá eletrônica. Vai deixando os traços marcados no corpo pela
gravidez e volta ainda mais linda da experiência, embora seja comum que toda
mulher fique mais linda depois de tornar-se mãe.
Este é o post de número duzentos e
cinqüenta do dasletra e é, para mim,
motivo de satisfação ainda que secundária.
Nestes quinze meses drenei meus
espíritos. Fiz minha catarse, contei minhas histórias, delirei, fui claro e
emblemático, direto e metafórico, simbólico e concreto. Trouxe assuntos tortos,
escrevi bobagens, relatei viagens, descobertas, estradas e bandeiras. Comentei
filmes, acontecimentos. Últimas e Nublinas, coisas que dilaceram a minha
esperança.
Escrevi diálogos prováveis e por
eles recebi críticas:
- “Você vai ficar muito chateado se aquilo que você aborda nos diálogos
com Liz não ocorrer...”
Tenho que o conteúdo das histórias
será o que menos importará ao futuro. Naqueles dias eu apenas ansiava pela
minha netinha e queria que meu coração já a sentisse presente.
Duzentos e cinqüenta dizeres ao
aberto, ao virtual, às nuvens. À pessoas não sabidas de lugares até distantes.
Ouvi alguém dizer, outro dia, que a exteriorização faz parte da necessidade do
homem construir sua singularidade. E o blog me serve a isso. Tomara que eu
continue e que a minha indisciplina não tire de mim o gosto pelo palavrar.
Até porque, todo santo dia, Liz
encanta, dia dezessete a Dindinha vai saber se é menina ou menino, em setembro
vem o Leozinho do Júlio e da Mônica além do que, de outro casal muito próximo,
eu sinta sinais cada vez mais evidentes.
Sim, a vida pode ser melhor, ainda
que nublina.
E será postada.
Até breve.
EM TEMPO: Já disse aqui que poucas
coisas me incomodam e, entre elas, fazer compras. Pois hoje visitei, SÓZINHO, seis lojas em diferentes
lugares até achar uma saboneteira que lembrasse Liz: uma gatinha.
Que bom saber que nestes dez dias Liz esta muito bem de saúde e recebendo o carinho e cuidados.
ResponderExcluirBeijos